Ucrânia: Sacerdote católico fala em «inferno» para descrever situação em Mariupol

Padre Pavlo acompanhou refugiados em fuga

Foto: Fundação AIS

Lisboa, 10 mar 2022 (Ecclesia) – O padre Pavlo, sacerdote católico na Ucrânia, acompanhou refugiados em fuga de Mariupol, falando no “inferno” que se vive na cidade cercada por tropas russas e onde vivem cerca de 450 mil habitantes

“É o inferno. Por favor, digam ao mundo: é uma tragédia. São só tiros aleatórios. A cidade inteira é como um grande campo de batalha. As bombas caem por todo o lado. Em todo o lado ouvem-se disparos. Mariupol é uma cidade rodeada pelo exército russo. As pessoas estão sentadas nas suas caves”, refere o religioso, em declarações divulgadas pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

“Andar na rua em Mariupol equivale a suicídio. Dissemos aos fiéis que deviam ficar em casa e que não celebraríamos Missa, porque era demasiado perigoso”, acrescenta.

Uma caravana com cerca de cem automóveis deixou Mariupol a caminho de uma zona mais segura.

“Mal conseguíamos dormir. Ninguém conseguia dormir. Todo o nosso corpo doía devido aos ataques bombistas. Eu tinha montado um abrigo num canto – era onde eu vivia, por assim dizer. Estávamos todos assustados”, confessa o sacerdote.

Sem eletricidade, nem água ou alimentos, a população procura fugir à guerra.

“Muitas delas morreram de forma brutal”, denuncia o padre Pavlo.

Os refugiados tiveram de passar por vários postos de controlo e foram barrados por separatistas de Donetsk.

“Não consigo esquecer a imagem de uma mulher grávida, de joelhos, a implorar aos separatistas para nos deixarem passar, mas eles recusaram”, lamenta o sacerdote.

Por todo o lado, tudo destruído por bombas, e por vezes ter de conduzir à volta dos cadáveres que encontramos pelo caminho. Esta tragédia brada aos Céus!”.

O padre Pavlo pediu orações por todos os que sofrem com esta guerra, particularmente os que estão cercados pelo exército russo em Mariupol.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou esta quarta-feira o bombardeamento a um hospital em Mariupol, onde estão localizadas maternidades e alas pediátricas, considerando-o “horrível”.

“Os civis estão a pagar o preço mais alto por uma guerra que não tem nada a ver com eles. Esta violência sem sentido deve parar. Acabem com derramamento de sangue agora”, escreveu o responsável português, numa mensagem publicada no Twitter.

OC

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