Recurso da Universidade Católica Portuguesa «está ao serviço de todas as organizações da Igreja», afirma o coordenador Rodrigo Queiroz e Melo
Lisboa, 29 jun 2022 (Ecclesia) – O coordenador do projeto Cuidar, da Universidade Católica Portuguesa (UCP), disse à Agência ECCLESIA que a iniciativa quer ser um recurso que “está ao serviço de todas as organizações da Igreja” para promover uma “cultura de proteção e bom trato de crianças e jovens”.
“Ajudar a fazer este caminho de nos tornarmos organizações mais cuidadoras, baseadas numa cultura do cuidado, e organizações que de modo muito claro, muito formal, muito sério, têm sistemas internos de prevenção e têm sistemas para que todos saibam como agir em caso de suspeita ou denuncia” é o objetivo do projeto Cuidar, afirmou Rodrigo Queiroz e Melo.
O Cuidar é um projeto de extensão universitária de apoio a organizações para promoção de cultura de cuidado e é promovido pelo Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP) da Faculdade de Ciência Humanas da Universidade Católica Portuguesa.
Para o coordenador do projeto, o Cuidar quer ser um recuso para levar as instituições a agir, para ajudar “a criar essa cultura, esses instrumentos”, e, no fundo, tornar as casas seguras, para além de desenvolverem investigação, formação e consultoria.
“É um projeto comum de tornar uma sociedade melhor, por isso o projeto Cuidar nasce no âmbito da Igreja e com instituições da Igreja que trabalham com crianças, mas estamos abertos a todas”, acrescentou, adiantando que também têm a possibilidade de dar “consultoria perante casos concretos”, um recurso menos utilizado ao longo destes dois anos.
Rodrigo Queiroz e Melo destacou a adesão das dioceses a este tema, pelo menos em duas “todos os sacerdotes foram convidados a fazer este workshop de sensibilização,” e adiantou que têm trabalhado “bastante” com as Dioceses de Braga, Lisboa, Angra, Setúbal, e salienta que “há um empenho muito grande” dos bispos, por isso, esperam “poder ser um recurso cada vez mais utilizado pelo sistema”.
A formação dura seis horas num dia ou pode ser online durante vários dias, “duas horas por dia”, e “800 pessoas” já passaram por esta formação “mais de chamada de atenção”, e “realizaram-na com sucesso”: tem uma parte “mais conceptual”, outra sobre mapa de riscos, uma sobre código e conduta.
“Acima de tudo, são 800 pessoas, muitas nunca tinham pensado nestes temas e, agora, estão muito mais preparados, muito mais conscientes. Estão também nas suas organizações a passar a mensagem”, destaca.
O entrevistado acrescenta que as paróquias também podem pedir formação ao projeto Cuidar, como está a acontecer com uma paróquia no Algarve, onde estão a ajudar a desenvolver o seu sistema interno de proteção e cuidado; na Diocese de Lisboa têm “alguns projetos a avançar” para ajudar as paróquias “a terem esta intervenção na catequese”.
A UCP acolheu hoje o primeiro ‘Encontro Cuidar’, com o tema “Por uma cultura de proteção e bom trato de crianças e jovens”, com a presença de especialistas e investigadores, escolas públicas que fizeram um caminho com este projeto “para obter o selo protetor”, escolas privadas não católicas e escolas católicas, e onde foi apresentado o livro ‘Uma anatomia do poder ecclesiástico’.
“Isto é um caminho onde a Igreja Católica tem especial responsabilidade. Como vimos hoje de manhã muitas intervenções a reforçar este especial papel da Igreja, especial responsabilidade, mas onde todos somos implicados: Igreja e também as instituições que não são da Igreja, e as pessoas que não são crentes”, desenvolveu
O projeto Cuidar é desenvolvido por uma equipa multidisciplinar da Universidade Católica composta pelo CEPCEP, Instituto de Ciências da Família e CRC-W – Catolica Research Center for Psychological, Family and Social Wellbeing.
LS/CB/PR