Túmulo de São Martinho regressou a Dume

O núcleo museológico de Dume relacionado com a arquitectura cristã antiga vai estar visitável a partir de Janeiro de 2007. A data foi apontada ontem pelo presidente da Junta, Constantino Caldas, à margem da cerimónia que assinalou o regresso do túmulo de São Martinho à freguesia. O arqueólogo da Universidade do Minho responsável pelas escavações no local, Luís Fontes, assegurou também que, até ao final do ano, será colocada a laje para a criação de um percurso museológico, que tem início no edifício do túmulo de São Martinho, inaugurado ontem, e prossegue por uma parte da vila romana do século II, mosteiro suevo e basílica sueva, que se encontra por baixo da actual igreja. O túmulo dito de São Martinho de Dume é considerado pelos especialistas uma das mais notáveis peças de escultura funerária pré-românica do actual território português, que remonta a finais do século XI e inícios do século XII. Retirado da igreja paroquial de Dume em 1919, o sarcófago esteve durante décadas arrecadado em dependências diversas, na perspectiva de vir a integrar o núcleo expositivo do Museu D. Diogo de Sousa. Entretanto, em 1982, e após ter sido restaurado no Museu Monográfico de Conímbriga, a Secretaria de Estado da Cultura decidiu a sua devolução à paróquia de Dume. Após várias vicissitudes, o anseio da população concretizou-se em 2006, com a construção de um edifício de raiz para albergar esta obra de arte funerária. Luís Fontes referiu que na altura das visitas vão também decorrer escavações, até para dar uma noção mais evidente de como está a ser efectuado o trabalho. O arqueólogo lembrou que a importância institucional daquele conjunto foi reconhecida em 1993, altura em que as ruínas foram classificadas como monumento nacional e foram criadas as condições necessárias para encetar o processo de musealização. O investigador disse ainda que, em 2008, o circuito deverá incluir um balneário romano que se situa num espaço adjacente, conhecido por Quinta do Assento e que já foi adquirida pela Junta de freguesia. O presidente da Junta adiantou que, em termos de obras, está prevista a reconstrução de um edifício que existe na Quinta do Assento, que se situa junto ao cemitério, e que será convertido num pequeno núcleo museológico para expor as peças recolhidas ao longo das escavações. Constantino Caldas sustentou que, ao todo, já foram gastos um milhão de Euros, financiados pela Câmara de Braga. Para concluir as empreitadas previstas, serão necessários, pelo menos, mais 500 mil Euros. A D. Carlos Pinheiro, bispo titular de Dume e Auxiliar Emérito de Braga, coube ontem a bênção das instalações e uma conferência sobre “São Martinho de Dume como exemplo de Evangelização”. Entre os muitos convidados, esteve também o Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, que aproveitou a oportunidade para apelar à investigação sobre a obra de São Martinho, «uma grande personalidade da história da igreja de Braga», que teve um papel fundamental na inculturação da fé na vida do povo suevo. O prelado fez votos para que este santo seja mais conhecido na sua pessoa e na sua obra e que continue a ser imitado e evocado.

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