Tríduo Pascal: Frei Filipe Rodrigues destaca dimensão pedagógica e «solidária» de celebrar a «Paixão do Senhor» com cristãos perseguidos

Sacerdote explica que «comungar Jesus no coração é o mais importante» para depois «receber nos sacramentos»

Foto: AIS

Lisboa, 09 abr 2020 (Ecclesia) – Frei Filipe Rodrigues, religioso dominicano, salientou que a impossibilidade de celebrar comunitariamente o Tríduo Pascal, nas comunidades afetadas pela pandemia de Covid-19, deve ajudar a lembrar os cristãos que “há muitos anos que não se conseguem juntar”.

“Esta Páscoa vai também ser solidária para com todos os outros cristãos perseguidos que não têm esta possibilidade de se reunir para celebrar a Paixão do Senhor”, disse à Agência ECCLESIA.

O frade destaca que Quinta-feira Santa é “um dia muito forte na liturgia católica”, o primeiro dia do Tríduo Pascal, correspondente à contagem judaica do tempo, onde “os dias começam com a tarde”.

Uma celebração que tem habitualmente o ritual do lava-pés, um “gesto natural quando se recebia alguém em casa”, feito pelos escravos; Jesus lavou os pés aos discípulos, como se lê no capítulo 13 do Evangelho de São João que, segundo o sacerdote da Ordem dos Pregadores, “é a Igreja em ação, uma Igreja ao serviço dos outros”.

“É uma atitude humilde de Jesus para apelar à humildade mas também ao serviço. Este ano não vamos ter essa possibilidade, porque as celebrações não vão ser abertas”, assinalou o entrevistado.

“Jesus desce abaixo do nosso nível”, acrescenta frei Filipe Rodrigues, explicando que só depois de ter feito o “gesto simples e em silêncio” referiu aos seus discípulos que devem fazer o mesmo, uns aos outros.

A Conferência Episcopal Portuguesa decretou a suspensão da celebração da Eucaristia com a presença de fiéis a 13 de março, por causa do novo coronavírus e frei Filipe Rodrigues considera que este jejum sacramental pode “despertar o motivo que leva a comungar”, porque se pode “cair na tentação de banalizar um pouco a Comunhão” e esta “ausência pode despertar um desejo muito maior”.

“A comunhão sacramental é importante porque precisamos dos sacramentos e dos ritos, mas a comunhão espiritual, em que o Papa tanto insiste nestes tempos, produz o mesmo efeito, a graça é a mesma”, observou.

O sacerdote é convidado do programa Ecclesia na Antena 1 da rádio pública (22h45).

LS/CB/OC

 

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