Timor: Religiosas do Sagrado Coração de Maria relatam experiência num território onde «todos se tratam por irmãos»

Missionárias falam em país aberto à «fraternidade universal»

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 13 out 2022 (Ecclesia) – As irmãs Teresa Fonseca e Delva Oliveira, religiosas do Sagrado Coração de Maria, estão em missão em Timor, e disseram à Agência ECCLESIA que “todos se tratam por irmãos” mas, na zona de Zumalai, existe “alguma intolerância” a outras religiões. 

“No aspeto religioso, na nossa zona de Zumalai, existe alguma intolerância, não há aceitação de outras formas de expressão religiosa, gera conflitos e há uma não aceitação expressa, no entanto, o país abre-se à fraternidade universal e o governo dá abertura às próprias religiões, respeita celebrações e dias sagrados de diferentes religiões,  inclusivamente são dias feriados para todos”, conta a irmã Teresa Fonseca. 

A religiosa, em missão em Timor há quase 10 anos, foi acompanhando todo o “caminho” que tem sido feito pela reconciliação com a Indonésia. 

“Houve um forte espírito de reconciliação com o povo indonésio, para não haver represálias e conflitos, houve um acordo de tolerância e reconciliação para eles lidarem com a Indonésia de forma pacífica, já se nota abertura ao diferente e por isso vai havendo aceitação do que é diferente”, explica a religiosa de 72 anos.

A irmã Delva Oliveira, natural do Brasil, integra também a comunidade de Zumalai, na zona montanhosa que faz fronteira com a Indonésia.  

“Eu tive uma experiência na Amazónia, no tempo de Covid, tenho formação em saúde e ir para Timor é ter essa experiência, estar lá é ter contacto com esse povo que nos acolhe com um sorriso largo e é muito vivificante sentir que também são nossa família”, descreve.

A missionária de 56 anos ficou impressionada por “todos se tratarem por irmãos” e sente que a comunidade religiosa é respeitada, “sendo convidadas para as ocasiões especiais das famílias”. 

“Eles tratam-se por irmãos, mana, mano, estamos lá e também nos chamam irmãs, por exemplo os jovens portugueses que estiveram em Timor, em missão no verão, todos viraram irmãos, e fomos todos da mesma família”, recorda. 

Por seu lado, a irmã Teresa esclarece que este “contexto familiar alargado” pode trazer dificuldades, por exemplo no contexto escolar quando é necessário chamar a responsabilidade dos pais.

“Por vezes o próprio núcleo familiar fica diluído em relação às suas próprias responsabilidades e há fragilidades na estrutura familiar mas a cultura é assim”, afirma. 

As religiosas estão presentes na escola da diocese, onde lecionam português, a “língua oficial do país”, do 5º ao 9º ano, além de todo o trabalho pastoral que lhes traz “muita proximidade e contacto com os timorenses”.

“A educação é uma porta aberta para nós e para aquele povo, para um desenvolvimento e abertura a outro mundo e às realidades diferentes que o mundo nos oferece; através das crianças e jovens, podemos contactar os pais, podemos visitar as pessoas, aprender com eles e dar o nosso testemunho e cultura, integrando o que a própria cultura deles nos oferece e respeitando”, indica. 

A irmã Teresa Fonseca entende que a presença das religiosas naquela zona de Timor tem “aceitação muito positiva” e que se foi ganhando uma “confiança mútua, com muita simplicidade e proximidade”. 

A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública, neste sábado, dia 15 de outubro, pelas 06h00, ficando depois disponível online e em podcast.

SN

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