Solidariedade: Do Porto à Guiné-Bissau, um jipe para as missões

Sacerdotes e leigos vão ao país lusófono entregar dois veículos, com o apoio do bispo diocesano04

Foto: Voz Portucalense

Porto, 04 fev 2019 (Ecclesia) – O bispo do Porto ofereceu um jipe para as missões na Guiné-Bissau, num percurso acompanhado por padres e leigos da diocese portuguesa que começou este domingo, após uma cerimónia que decorreu junto à Sé.

“Neste contexto do Ano Missionário é uma expressão das mais eloquentes de que as Igrejas são universais, não vivem fechadas no seu mundo. A Diocese do Porto abre-se ao mundo, à lusofonia, num gesto profético”, disse o padre Almiro Mendes.

Em declarações à Agência ECCLESIA, o pároco de Canidelo (Vila Nova de Gaia) destaca o “gesto absolutamente admirável” do bispo do Porto ao oferecer um jipe às missões na Guiné-Bissau, onde vai “salvar vidas”, uma vez que a maior parte das vezes funciona como ambulância.

Ao padre Almiro Mendes coube a responsabilidade de “levar o jipe para que chegue direito e comece a salvar vidas”, numa viagem de nove dias que passa por Espanha, Estreito de Gibraltar, Marrocos, Saara Ocidental, Mauritânia, Senegal.

O sacerdote vai completar este gesto de solidariedade pela sexta vez e consigo vão outros três padres – párocos de Oliveira do Douro, Trofa e Macieira da Lixa – que já viveram esta experiência pelo menos uma vez, com medicamentos, roupas e computadores.

Aos presbíteros da Diocese do Porto, acrescentou o entrevistado, associaram-se quatro leigos, que “vão pela primeira vez”, para “levar uma pickup para uma ONG que opera no interior da Guiné, num local recôndito”.

“É a diocese e a sociedade civil a passarem do ‘eu solitário’ ao ‘nós solidário’, a abrir-se à lusofonia e a revelar-se com estes gestos. Realmente, ser missionário pode ser a mais bonita expressão nestes gestos concretos”, desenvolve o padre Almiro Mendes.

Neste contexto, o sacerdote acrescenta que uma ambulância oferecida pelos Bombeiros de Vila Meã deve ser enviada de barco, porque “não pode atravessar o deserto”, e “vai ficar em Bissau, no único hospital pediátrico”.

O bispo do Porto enviou esta missão solidária, com a bênção do peregrino, e sublinhou aos jornalistas que aoferta de um jipe à Guiné-Bissau poderá motivar a sociedade civil para “uma cooperação cada vez mais alargada”.

D. Manuel Linda também se vai juntar ao grupo, viajando de avião, a 12 de fevereiro, “para que se inteire das necessidades daquele país”, e viaja para a Guiné-Bissau, dedicando os dois dias seguintes a visitar as Dioceses de Bissau e Bafatá, o hospital de Bor e algumas missões, encontrando-se com os bispos locais e missionários.

Sublinhando o “gesto extraordinário” do seu bispo, o padre Almiro Mendes adianta que para além do jipe, D. Manuel Linda também já transferiu uma “considerável quantia de dinheiro para ajudar as missões mais pobres”, dando continuidade à colaboração com a diocese lusófona iniciada em 2005.

O pároco de Canidelo, em Vila Nova de Gaia, recorda que esteve durante um ano inteiro em missão na Guiné-Bissau, num “ato de generosidade” da Diocese do Porto, com “o quinto país mais pobre do mundo”.

“Na Guiné, onde a gente se magoa não é nos nossos sofrimentos, mas nas dores alheias. Cá temos o rendimento mínimo, lá podia haver o sofrimento mínimo, mas não há. Para a maior parte das pessoas o sofrimento é máximo e foi o que mais me marcou”, desenvolveu, sobre o que “mais chocou e impressionou”.

Pela positiva, o padre Almiro Mendes revelou que, “apesar do sofrimento”, encanta-o que esse mesmo povo guineense “oferece sempre muitos sorrisos”.

CB/OC

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