Sociedade: Diretor executivo da CAIS desafia famílias a «comprometerem-se» com a solidariedade

Henrique Pinto sustenta que aquele valor é muitas vezes apenas «um casaco» que se veste «conforme a crise» ou a altura do ano

Lisboa, 13 dez 2011 (Ecclesia) – O diretor executivo da associação CAIS diz que falta à sociedade atual uma noção mais comprometida de solidariedade, lamentando que aquele conceito apenas sirva como “indumentária” para determinadas situações e fases do ano.

“A solidariedade não deve fazer parte de nós como se de um hobby ou de alguma coisa fora de nós se tratasse, um casaco que vestimos conforme a crise maior ou menor, conforme estamos mais bem ou mal dispostos, essa indumentária tem que ser carne da nossa carne” realça Henrique Pinto, ao Programa da Igreja Católica na Antena 1.

Na edição deste domingo, dedicada à quadra natalícia, aquele responsável desafiou as famílias a “comprometerem-se no apoio a uma pessoa que não tem trabalho, não tem comida, que tem problemas de saúde”, a fazerem da solidariedade uma atitude contínua, sem estar sujeita “ao calendário civil ou religioso”.

“Eu prefiro até a palavra fraternidade, porque ela intrinsecamente tem um abraço, um compromisso. Só na medida em que formos capazes de viver fraternalmente é que estaremos a viver genuinamente”, sublinhou.

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De acordo com Henrique Pinto, esta mudança de mentalidade só será possível quando cada indivíduo fizer da resolução da pobreza ou do sofrimento humano uma prioridade de vida, em vez de se entregar muitas vezes as “sobras”, o que “não faz falta” ou é “dispensável”.

Uma atitude que, acrescentou, “resulta de um sistema económico falido”, que “durante muitos anos” foi “aliviando a sua consciência mas não se comprometendo com o outro”.

O diretor executivo da CAIS mostrou-se confiante de que as instituições sociais podem contribuir para mudar este cenário, mas só se forem “cada vez mais transparentes”, dignas de “confiança” e com um trabalho verdadeiramente orientado para as necessidades das pessoas e não para a defesa de “marcas” pessoais ou institucionais.

“Costumo sempre dizer que o destino natural da CAIS é acabar e ficaremos certamente felizes se acabarmos porque a pobreza e as pessoas numa situação de rua deixaram de existir”, confidenciou ainda.

A “CAIS” é uma Associação de Solidariedade Social sem fins lucrativos que apoia a construção ou a recuperação da autonomia de pessoas em situação de pobreza e exclusão social.

Diariamente, acompanha de perto cerca de 140 pessoas sem-abrigo, nas zonas de Lisboa e do Porto, procurando dar-lhes alternativas para poderem voltar a inserirem-se na sociedade.

PRE/JCP

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