Sociedade: A cultura «é o terror dos ditadores» – Luís Filipe Castro Mendes

Ministro da Cultura presidiu à entrega do Prémio Terras Sem Sombra, que distinguiu arqueólogo sírio assassinado em Palmira

Sines, Setúbal, 02 jul 2016 – O ministro da Cultura afirmou hoje na entrega do Prémio Internacional Terras Sem Sombra que a cultura “é o terror dos ditadores” e elogiou a organização “ímpar” do festival de música sacra do Baixo Alentejo.

No último ato do Festival Terras Sem Sombra (FTSS), Luís Filipe de Castro Mendes valorizou o projeto que coloca em relação música sacra, popular, património, natureza e “liga tudo através da comunidade, das pessoas, que fazem este Festival”.

A respeito do Prémio Internacional Terras Sem Sombra, o ministro da Cultura lembrou que tem distinguido pessoas e instituições que são “paradigmas internacionais das áreas em que trabalham”, como os galardoados deste ano, nomeadamente o diretor do Departamento de Arqueologia de Palmira, vítima de atos terroristas, agora galardoado postumamente.

Khaled al-Asaad recebeu Prémio Internacional Terras Sem Sombra na categoria de ‘Património Cultural’, distinguindo a personalidade que aos 82 anos “assustou os terroristas” resistindo à “pressão de indicar, para destruição, onde estavam os tesouros da História da Humanidade”, referiu o ministro da Cultura.

Luís Filipe de Castro Mendes destacou o exemplo de “coerência e de defesa de valores morais” do arqueólogo assassinado em Palmira às mãos do autoproclamado Estado Islâmico, em 2015, na defesa do património cultural da cidade e disse que está por descobrir o “saber que produziu durante a sua vida”, o que acontecerá quando passar o “vento de terror” na Síria.

Dois sírios que estudam arqueologia em Coimbra e em Lisboa, receberam o prémio atribuído a Khaled al-Asaad, referindo que serão os “os próximos guardadores de Palmira”.

Para Jorge Sampaio, que  o fez o elogio do diretor do Departamento de Arqueologia de Palmira, é necessário prestar homenagem Khaled al-Asaad “com toda a humanidade”, sendo “pessoas inteiras como ele”.

A sessão de atribuição do Prémio Internacional Terras Sem Sombra decorreu no Centro de Artes de Sines, distinguindo também o diretor do Festival de Lucerna, na Suíça, e a Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal.

Para o diretor artístico do FTSS, Juan Ángel Vela del Campo, o galardoado na categoria ‘Música e Musicologia’, Michael Haefliger, dinamiza um festival marcado por uma componente social, educativa e solidária, que fica na história pelo seu “compromisso com a solidariedade e com a paz”.

A Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal recebeu o prémio dedicado à ‘Salvaguarda da Biodiversidade’, recebido pelo seu fundador, Raimundo Quintal, que recordou o “renascer das cinzas” a acontecer no Parque depois dos incêndios de agosto de 2010, que destruiu 90% da área intervencionada pela Associação.

“O prémio é para todos aqueles que têm trabalhado no dia-a-dia em prole da natureza. Passados 6 anos, as cores, os aromas e os sons da natureza estão a regressar” ao Parque Ecológico do Funchal, disse Raimundo Quintal.

A sessão de entrega do Prémio Internacional Terras sem Sombra terminou com um recital da soprano Ana Cosme, do Coro do Teatro Nacional de S. Carlos, e do pianista Nuno Lopes.

O galardão consta de um diploma e de uma obra de arte encomendada a um artista contemporâneo e foi instituído em 2011 para homenagear uma personalidade ou instituição que se tenham destacado, “a nível global”, nos três pilares que norteiam o festival do Baixo Alentejo: “Promoção da Música, valorização do Património Cultural e a salvaguarda da Biodiversidade.”

PR

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