Sínodo: «Igreja precisa de fazer opção clara pelos pobres», diz responsável brasileira

Cristina dos Anjos da Conceição é uma das 54 mulheres com direito a voto na assembleia

Foto: Ricardo Perna

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 27 out 2023 (Ecclesia) – Cristina dos Anjos da Conceição, da Cáritas Brasileira, disse que o Sínodo tem apontado à defesa das pessoas mais desfavorecidas, na Igreja e na sociedade, apelando a uma “opção calara” pelos pobres.

“Uma Igreja sinodal, uma sociedade sinodal é uma sociedade que olha para todos, que cuida de todos, que se preocupa com todos”, disse, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A leiga brasileira é uma das 54 mulheres com direito a voto na XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, como “testemunha” do processo sinodal na América Latina.

A responsável brasileira explica a discussão sobre a sinodalidade alarga os horizontes sobre a vida na sociedade e questões como a pobreza.

“A Igreja precisa de fazer uma opção clara pelos pobres. O Sínodo remete para isso, remete para a vida dos migrantes e refugiados, a dor das pessoas afrodescendentes e das populações indígenas ou de todas as pessoas que vivem uma realidade de vulnerabilidade, hoje”, precisa.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’, começou a 4 de outubro e decorre até sábado; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

“O Sínodo vem convocar a Igreja, e a sociedade, de uma forma geral, a perceber que uma Igreja sinodal precisa, cada vez mais, de estar voltada para o exemplo, para a missão de Jesus Cristo, que é de acolher, que é de não deixar as pessoas para trás”, indica Cristina dos Anjos da Conceição.

Foto: Ricardo Perna

A conselheira nacional para Migrações e Refugiados da Cáritas Brasileira recordou o “momento de guerra” em que este Sínodo decorre e a atenção do Papa aos fenómenos migratórios, no centro de uma oração a que Francisco presidiu, na Praça de São Pedro, com os participantes na assembleia, a 19 de outubro.

“Há uma preocupação muito grande com toda essa realidade social de que a Igreja, na sua dimensão social, também precisa de cuidar”, acrescenta.

A responsável convida a reconhecer o trabalho feito e a assumir o desejo de “ir além”.

“A realidade atual provoca para que a Igreja esteja mais em saída e seja mais olhando para essa realidade de pobreza”, sustenta.

Cristina dos Anjos da Conceição participou, esta quinta-feira, na apresentação de um relatório dedicado aos deslocados climáticos, no âmbito do lançamento, pela confederação internacional da Cáritas, de um ano de ação global, com a campanha ‘Juntos’, apresentada em Roma.

“Este relatório da Cáritas aponta para um problema real, mas que muita gente parece não estar muito sensibilizada”, realçou a responsável da Cáritas Brasileira.

A entrevistada sublinha as mudanças nas rotas migratórias, que fazem hoje do Brasil um país de “passagem”, e as deslocações internas, agravadas pela degradação ambiental.

“As alterações climáticas pioram as vidas das pessoas que já estão numa situação de vulnerabilidade tremenda”, alerta.

Cheias e secas extremas, em particular, “afetam a vida daquelas pessoas que estão numa maior vulnerabilidade”, adverte Cristina dos Anjos da Conceição.

OC

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