Vaticano: Papa recorda migrantes que perderam a vida e pede rotas «seguras»

Oração na Praça de São Pedro reuniu Francisco e os participantes no Sínodo, vindos dos cinco continentes

Cidade do Vaticano, 19 out 2023 (Ecclesia) – O Papa recordou hoje, no Vaticano, as pessoas que perderam a vida em várias rotas migratórias, apelando à criação de alternativas “seguras” e ao combate ao tráfico humano.

“É necessário redobrar esforços para combater as redes criminosas, que especulam com os sonhos dos migrantes; mas é preciso indicar-lhes, também, estradas mais seguras. Há necessidade, pois, de maior empenho para se ampliar os canais migratórios regulares”, disse, durante uma oração na Praça de São Pedro que juntou os participantes na assembleia sinodal, vindos dos cinco continentes.

A oração decorreu em volta do monumento aos migrantes ‘Angels Unaware’, criado pelo artista canadiano Timothy P. Schmalz.

“As rotas migratórias do nosso tempo estão cheias de homens e mulheres feridos e abandonados semimortos, cheias de irmãos e irmãs cujo sofrimento brada aos olhos de Deus”, advertiu Francisco.

O Papa evocou, em particular, as pessoas que, nestes dias, “fogem da guerra e do terrorismo”.

A intervenção destacou que, para muitos, o Mediterrâneo se veio a revelar como um “túmulo”.

Partem enganados por traficantes sem escrúpulos; depois são vendidos como moeda de troca. Acabam sequestrados, prisioneiros, explorados e reduzidos à escravidão. São humilhados, torturados e violados. Muitos, muitos morrem, sem nunca chegar à meta”.

Francisco criticou atitudes de “egoísmo, indiferença, medo” perante migrantes e refugiados, numa reflexão que partiu da parábola do Bom Samaritano, do Evangelho de São Lucas (Lc 10, 25-37).

“É uma chave, eu diria a chave, para passar dum mundo fechado a um mundo aberto, dum mundo em guerra a um mundo em paz”, indicou.

Falando das rotas migratórias que “atravessam desertos, florestas, rios e mares”, o Papa pediu maior atenção aos que, atualmente, são “roubados, espoliados e espancados ao longo do caminho”.

“Como o bom samaritano, somos chamados a fazer-nos próximo de todos os viajantes de hoje, para salvar a sua vida, cuidar das suas feridas, aliviar o seu sofrimento”, apelou.

A intervenção concluiu-se com um momento de silêncio, “recordando todos aqueles que perderam a vida ao longo das várias rotas migratórias”, acompanhado pela projeção de imagens do Papa na sua viagem à ilha italiana de Lampedusa, em 2013.

A cerimónia, com cerca de meia hora, inclui momentos de oração pela paz, pelo sínodo, pela Igreja e pelos migrantes, com refugiados provenientes dos Camarões, El Salvador e Ucrânia.

Francisco rezou pelos “exilados, as vítimas da segregação e as crianças abandonadas e indefesas, para que todos possam receber o calor de um lar e de uma pátria”.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’, decorre entre 4 e 29 de outubro.

OC

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