Sínodo: «Igreja não está preparada para acompanhar jovens» hoje

Especialista que integra equipa de trabalho do Sínodo dos jovens esteve em Lisboa para pedir uma mudança de «pastoral de eventos para uma pastoral de processos»

Pe. Rossano Sala, Serviço da Juventude do Patriarcado de LisboaLisboa, 16 set 2017 (Ecclesia) – O sacerdote salesiano Rossano Sala disse esta sexta-feira que a Igreja “não está preparada” para acompanhar os jovens.

“Os jovens hoje não são melhores ou piores que os jovens de gerações anteriores. Vivem num contexto diferente, mais fragilizado que implica uma renovada e aprofundada capacidade de os acompanhar e, neste momento, a Igreja não está ainda preparada para isto”, afirmou o sacerdote em declarações à Agência ECCLESIA.

Em Portugal para participar na conferência «Sínodo dos Bispos 2018 e os desafios da Pastoral Juvenil», organizada pelo Serviço da Juventude de Lisboa e pelos Salesianos, o sacerdote Rossano Sala, foi apresentado como “um dos maiores especialistas mundiais” em pastoral juvenil, integrando a equipa de trabalho do Vaticano responsável pela coordenação do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens.

Da reunião magna dos bispos, que se vai realizar em outubro de 2018, espera-se que “abra processos de mudança”.

Depois do Sínodo, a Igreja estará “mais consciente da situação dos jovens”, mas indica o padre Rossano Sala, o encontro “não deve ser um evento mas um processo”.

A escolha do tema corresponde a uma sensibilidade de Francisco que faz corresponder o término da juventude com uma escolha vocacional.

“O tema sugerido ao Papa sobre os jovens era muito genérico. A partir da sua sensibilidade jesuítica, Francisco optou pelo discernimento vocacional. A pastoral juvenil é muito importante que aconteça mas também que termine e a melhor forma de a terminar é que coincida com uma escolha vocacional”.

Questionado sobre o papel da Igreja neste tempo para que possa ser ponte e não muro, o sacerdote aponta como primeiro desafio o da sinodalidade.

“Terminou o tempo dos que trabalhavam e pensavam sozinhos”, suscita, apontando ainda a necessidade de escutar os jovens, os seus gritos, necessidades e desejos mas de forma “empática, misericordiosa e com compaixão”.

O padre Rossano Sala indica que a Igreja tem o “grande desafio” de acompanhar o mundo dos adultos e “a qualidade dos adultos na fé”.

“É urgente passar de uma pastoral de eventos para uma pastoral de processos”.

O salesiano indica a sensibilidade de Francisco para a Igreja: “a dinâmica de não excluir ninguém prestando atenção às categorias em maior perigo neste tempo de mudança cultural que vivemos que são a família e os jovens”.

O especialista sublinha que o documento preparatório quis “perguntar à Igreja como é que está a acompanhar os jovens e se está à altura do grande desafio de o fazer” sem indicar caminhos.

“As directivas práticas sairão com a Exortação Apostólica que vai eleger algumas linhas de caminho; se o documento trouxesse linhas operativas anulava o processo sinodal. Às vezes invocarmos o Espírito Santo mas parece que já decidimos antes…”

A conferência em que o padre Rossano Sala participou no auditório da igreja de São João de Deus, em Lisboa, organizada pelo Serviço da Juventude do Patriarcado de Lisboa e pelos Salesianos, centrou-se nas condições juvenis atuais tendo o sacerdote sublinhado a importância de se “reconhecer a complexidade da vida atual de um jovem”.

“O projeto de vida, a sua relação com os meios de comunicação e as tecnologias, a sua relação com o transcendente muito diferente de há 30 ou 40 anos quando a fé era a única opção, fornecem um enquadramento onde é necessário o discernimento dos jovens para procurarem o bom, o belo, o justo, o sagrado”.

CB/LS

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