Sínodo: Diocese de Angra promove escuta para continuar processo de aproximação e envolvimento de todos

Respostas «diversas» de pessoas «não crentes, batizadas mas afastadas da prática cristã» em inquérito online, realização de «focus grupos» e auscultação de «ordens laborais» está mostrar realidade diocesana que vai marcar Itinerário pastoral até 2025

Angra do Heroísmo, Açores, 19 abr 2024 (Ecclesia) – Carmo Rodeia, diretora do Serviço das Comunicações Sociais de Angra, disse que o inquérito online que a dioocese disponibiliza no seu site, permite chegar a pessoas “não crentes, batizadas e afastadas da prática cristã”, mostrando uma “Igreja diversa”.

“As respostas dão-nos algum entusiasmo porque, no fundo, confirmam aquilo que nós sentimos: que a Igreja é de todos, pode ser feita com todos, independentemente de nem todos concordarmos com as mesmas coisas e de nem todos irmos ao mesmo ritmo. São respostas muito bonitas e são respostas que nos dão a ideia de uma Igreja diversa, que naturalmente tem problemas diferentes, consoante o lugar e a geografia onde se vive e as comunidades onde se vive”, refere à Agência ECCLESIA.

O inquérito, disponível no sítio’Igreja Açores’, propõe uma “auscultação a todo o Povo de Deus sobre a Igreja”: “A Igreja que somos e a Igreja que queremos ser, no sentido de caminharmos juntos”.

Na primeira semana, indica a responsável, receberam mais de 100 respostas, a que se juntaram mais 500, e que foram incluídas no relatório síntese que seguiu para a Conferência Episcopal portuguesa no final do mês de março, para incorporar o relatório síntese português, juntamente com a reflexão realizada por “estruturas dos Conselhos Pastorais de Ouvidoria, pelos movimentos, pelos serviços, e por grupos específicos que foram interpelados a responder”.

“Há ilhas que querem avançar já para os ditos temas fraturantes e esses é que são os únicos problemas que a Igreja tem; há outros que colocam simplesmente nós temos que rever o itinerário catequético, temos que rever o itinerário da fé das pessoas, temos que lhes dar formação; para outros bastaria que a Igreja estivesse aberta todos os dias para poderem rezar. São respostas diversas mas para nós tem sido muito gratificantes”, reconhece.

Carmo Rodeia integra a equipa nacional que redige o relatório a enviar para a Secretaria do Sínodo dos Bispos e dá conta de temas comuns.

As respostas e os problemas não são muito diferentes: a Igreja deve ter outros horários, deve oferecer outro tipo de formação, deve ter outro tipo de acolhimento, precisamos de ser mais ouvidos e menos censurados, tem que haver mais capacidade de escuta e de adaptação ao mundo concreto da realidade dos nossos dias”.

Foto: Agência ECCLESIA/OC

A responsável indica que em maio vão ser realizados “focus grupos” que vão colocar “grupos de pessoas”, “jovens universitários”, “ordens laborais” que irão refletir sobre “a Igreja e o seu lugar”.

Esta auscultação integra o Itinerário pastoral diocesano 2023-2025, «Todos, todos, todos caminhar na esperança».

A diretora do Serviço das Comunicações Sociais da Igreja da Diocese de Angra, que integra também o grupo coordenador do itinerário pastoral diocesano, explica que este processo que foi iniciado em 2018-2029, com o objetivo de “conhecer a realidade concreta da diocese”, marcada pela geografia dispersa de nove ilhas e pela religiosidade popular, mostra que a “a consciência de que uma igreja sinodal se constrói à volta da diversidade”.

“Os açorianos  dizem que precisamos de acabar com questões como o clericalismo dos padres, a desresponsabilização dos leigos com a preguiça pastoral – sempre foi assim, deu certo e porquê é que devemos fazer diferente. Encontramos uma crítica muito sistematizada à atuação pastoral do clero, que por vezes é demasiado legalista, por outras vezes é demasiado permissivo; a questão de não chegarmos aos jovens e dos jovens não se dirigirem à igreja; o facto de as mulheres não terem outros ministérios e não poderem aceder ao ministério da Ordem. Diria que as realidades que são focadas aqui nos Açores são as mesmíssimas realidades, sobretudo do ponto de vista do diagnóstico”, aponta Carmo Rodeia.

Se o diagnóstico é semelhante, indica a responsável, as respostas terão depois de ser ajustadas à uma realidade dispersa, com “paróquias com 30 pessoas” onde a realidade de conselhos pastorais fará “menos sentido” e onde se deverá procurar maior “interparoquialidade”.

A conversa com Carmo Rodeia pode ser acompanhada no programa Ecclesia que vai ser emitido este sábado, às 06h00, na Antena 1.

LS

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