Sínodo 2024: «Elemento verdadeiramente decisivo é o do consenso», diz coordenador dos peritos em Teologia

Padre Dario Vitali destaca «terceira fase» do processo, com a receção do documento final nas dioceses

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 16 out 2024 (Ecclesia) – O padre Dario Vitali (Itália), coordenador dos peritos em Teologia na XVI Assembleia Geral do Sínodo, disse hoje que os trabalhos procuram o “consenso”, para propor novas soluções à Igreja.

“Tantas vezes procuramos o elemento dissonante como elemento fundamental, mas na realidade, num caminho de Igreja que escuta o Espírito, o elemento verdadeiramente decisivo é o do consenso, o de ter escutado o Espírito escutando-nos uns aos outros”, referiu o sacerdote, durante o briefing diário dedicado aos trabalhos da segunda sessão sinodal, que decorre até 27 de outubro.

O especialista italiano sublinhou que, neste processo há uma “terceira fase”, a da implementação, após a publicação do documento final.

“Há uma terceira fase do Sínodo: a primeira foi nas Igrejas particulares, com a consulta do Povo de Deus e a escuta, o discernimento das Conferências Episcopais e das assembleias continentais; a segunda é a da assembleia nas duas sessões; a terceira fase é o regresso às Igrejas particulares e às Conferências Episcopais”, precisou.

Na constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018), sobre o Sínodo dos Bispos, o Papa Francisco sublinha que “à celebração da Assembleia do Sínodo, deve seguir-se a fase da sua aplicação, com a finalidade de iniciar em todas as Igrejas particulares a receção das conclusões sinodais”.

Segundo o padre Dario Vitali, “a circularidade das três fases determinou que, de facto, os diferentes sujeitos” falem “a mesma língua” no Sínodo.

O responsável foi questionado sobre a “competência doutrinal das conferências episcopais”, sublinhando que a Predicate Evangelium, a constituição do Papa Francisco sobre a reforma da Cúria Romana, defende uma “descentralização saudável”.

Esta sessão da Assembleia Sinodal tem 368 membros com direito a voto, dos quais 272 são bispos; à imagem do que aconteceu 2023, mais de 50 votantes são mulheres, entre religiosas e leigas de vários países.

A eles somam-se, sem direito a voto, 16 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), peritos, convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

Klára Antonia Csiszár (Roménia), perita, falou aos jornalistas de um processo de “aprendizagem em conjunto”.

A teóloga, radicada na Áustria, falou da experiência dos fóruns teológico-pastorais, que se concluem hoje, para “articular” o papel da reflexão teológica numa Igreja sinodal, visando “dar um contributo importante para o desenvolvimento de um novo estilo sinodal, de uma nova cultura sinodal”.

O padre Ormond Rush (Austrália), que também integra o grupo de peritos, referiu que “o papel da teologia é ajudar a Igreja a realizar melhor a sua missão primordial de proclamar e concretizar a visão de Deus para o mundo”.

“Novas perguntas exigem novas respostas e, muitas vezes, as velhas respostas já não ajudam a Igreja a proclamar a Boa Nova, o Evangelho, de uma forma convincente e empática, ou melhor, misericordiosa”, acrescentou.

A conferência de imprensa contou com a presença do padre José San José Prisco (Espanha), perito da assembleia sinodal e especialista em Direito Canónico, o qual destacou os pedidos feitos no sentido de “ativação dos conselhos pastorais, dos conselhos económicos para a transparência e contabilidade das dioceses e paróquias, de estruturas de cooperação”.

A assembleia sinodal, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) está representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e por D. Virgílio Antunes, vice-presidente do organismo.

O cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, está presente na segunda sessão da Assembleia Sinodal por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participa na sua condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

Além dos quatro responsáveis portugueses, participam também nesta segunda sessão, o padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos “assistentes e colaboradores”.

 

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Agência ECCLESIA

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