«Sínodo 2012»: Igreja em busca de respostas

Transformações no cenário cultural do Ocidente lançam desafios à chamada «nova evangelização»

Cidade do Vaticano, 04 Mar (Ecclesia) – O Vaticano publicou hoje o documento preparatório para o Sínodo dos Bispos de 2012, dedicado ao tema da nova evangelização, procurando uma resposta a “novos cenários” culturais.

“Nova Evangelização não significa um «novo Evangelho»”, assinala o documento, mas “uma resposta adequada aos sinais dos tempos, às necessidades dos indivíduos e dos povos de hoje, aos novos cenários que desenham a cultura através da qual dizemos a nossa identidade e procuramos o sentido das nossas vidas”.

A 12ª assembleia geral do Sínodo dos Bispos vai decorrer entre 7 e 28 de Outubro do próximo ano, tendo como tema «A nova evangelização para a transmissão da fé cristã».

O documento pede que os católicos levem a “sério” até os que se consideram “agnósticos ou ateus”, vendo-os como mais do que um “objecto de missão” e procurando manter viva “a busca de Deus”.

O texto preparatório destaca que desde o Concílio Vaticano II, nos anos 60 do século passado, até hoje, “a nova evangelização se propôs, cada vez mais com maior lucidez, como o instrumento” para enfrentar “com os desafios de um mundo em acelerada transformação”.

Estas mudanças passam pelo novo “contexto digital e globalizado”, no qual, segundo o Vaticano, “é fácil que a ciência se torne a nova religião, reenviando para ela as questões da verdade e da procura de sentido, sabendo que receberemos apenas respostas parciais e insuficientes”.

“Encontramo-nos diante do aparecimento de novas formas de gnosticismo, que encaram a técnica como uma forma de sabedoria, na busca de uma organização mágica da vida que funcione como saber e como sentido”, assinala o documento.

Outra preocupação apresentada relaciona-se com a o relativismo e a secularização, que permitiram “invadir o quotidiano das pessoas e desenvolver uma mentalidade na qual Deus foi posto de parte, total ou parcialmente, da existência e da consciência humana”.

Os «lineamenta» consideram que, no cenário cultural do Ocidente, é “muito difícil falar da verdade, recorrendo-se imediatamente ao termo «autoritário»”, o que leva a “duvidar da bondade da vida”e “da importância das relações e dos compromissos”.

Por outro lado, acrescenta o documento, “noutras regiões do mundo, assiste-se a um promissor renascimento religioso”.

“Muitos aspectos positivos da redescoberta de Deus e do sagrado em várias religiões são obscurecidos pelo fenómeno do fundamentalismo, que muitas vezes manipula a religião para justificar a violência e até mesmo o terrorismo”, alerta o Vaticano.

À Igreja Católica compete, neste contexto, “construir comunidades dotadas de um verdadeiro espírito ecuménico e capazes de diálogo com outras religiões”, com a “coragem de denunciar as infidelidades e os escândalos emergentes nas comunidades cristãs”.

“Urge a coragem de apoiar iniciativas de justiça social e de solidariedade, que coloquem no centro das atenções da Igreja os pobres”, prossegue o documento.

Os «lineamenta» foram disponibilizados em oito línguas, incluindo o português, e vão ser agora discutidos por organismos episcopais e diversas instituições eclesiais, os quais podem enviar as suas propostas à secretaria do Sínodo dos Bispos até Novembro de 2011.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

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