Sexta-feira Santa: Papa reza pelos «incontáveis lugares de dor da humanidade», diante de uma Praça de São Pedro vazia (c/vídeo e fotos)

Cruz milagrosa de São Marcelo marcou cerimónia sem homilia de Francisco, que deixou a palavra ao mundo das prisões

Cidade do Vaticano, 10 abr 2020 (Ecclesia) – O Papa rezou hoje no Vaticano pelos “incontáveis lugares de dor” da humanidade, no final de uma Via-Sacra que decorreu na Praça de São Pedro, vazia, por causa da pandemia de Covid-19.

“Deus, eterna luz e dia sem ocaso, enche com os teus bens todos os que se dedicam ao teu louvor e ao serviço de quem sofre, nos incontáveis lugares de dor da humanidade”, referiu, na conclusão da cerimónia, com transmissão televisiva e online para milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo Portugal.

Francisco optou por não fazer a tradicional reflexão final, numa cerimónia que celebrada habitualmente no Coliseu de Roma, reunindo milhares de pessoas, mas que este ano decorreu numa Praça de São Pedro vazia, por causa da propagação do novo coronavírus.

Durante cerca de hora e meia, ao longo das várias estações, em volta do obelisco central, dois grupos de pessoas levaram a cruz, entre eles um ex-recluso e o diretor da Cadeia “Due Palazzi” de Pádua (onde foram escritas as meditações de 2020), dois polícias, médicos e enfermeiros do FAS (Fundo de Assistência Médica do Vaticano).

Simbolicamente, a cruz foi entregue ao Papa, na 14ª e última estação.

Todo o itinerário foi sinalizado por tochas, no chão, concluindo-se junto da cruz venerada na igreja de São Marcelo al Corso, crucifixo considerado milagroso que, segundo a tradição popular, pôs fim à peste de 1522.

Os textos das meditações sobre as 14 estações – momentos ligados à prisão, julgamento e execução de Jesus Cristo – foram assinados por cinco presos, os pais de uma filha assassinada, um condenado a prisão perpétua, uma educadora, um juiz, a mãe de um recluso, uma catequista, um sacerdote acusado e posteriormente ilibado, um frade voluntário na cadeia e um polícia.

Passando duma cela a outra, vejo a morte que vive lá dentro. A prisão continua a sepultar homens vivos: são histórias de que ninguém mais quer saber – XIII Estação.

“Acompanhar Cristo no Caminho da Cruz, com a voz rouca dos que vivem no mundo prisional, é uma oportunidade para assistir ao prodigioso duelo entre a Vida e a Morte, descobrindo como os fios do bem se entrelaçam inevitavelmente com os fios do mal”, refere a introdução às meditações, publicadas pela ‘Libreria Editrice Vaticana’.

OC

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