Sexta-feira Santa:  «Meu Deus, porque nos abandonaste?», questiona o bispo de Setúbal

D. José Ornelas diz que o «grito» de Jesus na cruz é o da humanidade inteira à procura de um caminho

Setúbal, 10 abr 2020 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal afirmou hoje na homilia da celebração da Paixão do Senhor que o grito de Jesus na Cruz “Meu Deus, meu Deus porque me abandonaste?” é o grito atual da humanidade pela “incompreensão” diante pandemia.

“‘Meu Deus, meu Deus, porque nos abandonaste?’ não é um grito contra Deus, mas dirigido a Deus na incompreensão dos seus caminhos”, disse D. José Ornelas.

Para o bispo de Setúbal, a expressão da humanidade é “um grito de sede e de confiança para aceitar o porquê de tudo isto” .

“O seu grito ao Pai é o grito da humanidade inteira. Ele sente bem a angústia da humanidade, como a fome das multidões, a sede de vida dos enfermos, daqueles que buscam caminho e não entendem o porquê do sofrimento e da morte”, afirmou.

Durante a homilia da celebração de Sexta-feira Santa, o bispo de Setúbal fez uma reflexão sobre as últimas palavras de Jesus na cruz, no Evangelho de São Lucas, lembrou que a cruz não pode ser sinal de “ódio e de morte” e disse que é “blasfémia” fazer guerra em nome de Deus.

“Exercer violência em nome da cruz contra quem quer que seja é a maior blasfémia contra a cruz,  é a negação da cruz. E reconheçam-se como blasfémia todas as guerras religiosas e os ódios em nome de Deus e da cruz de Jesus”, afirmou D. José Ornelas.

Na tarde desta Sexta-feira Santa, o bispo de Setúbal denunciou também os tempos em que também os cristãos mataram em nome da cruz quando, após as celebrações da Paixão na Semana Santa, iam à “judiaria matar judeus para vingar Jesus”.

“Não pode haver rivalidade, ódio e morte quando se levanta a cruz como sinal de salvação”, afirmou o bispo de Setúbal.

Para D. José Ornelas, a cruz de Jesus é “a cruz da paz, do dom, da fraternidade da universalidade”.

O bispo de Setúbal presidiu à celebração da Paixão do Senhor na Sé diocesana, com a participação de um grupo restrito de sacerdotes e acólitos e sem a presença de fiéis, devido às normas do estado de emergência em Portugal por causa da pandemia covid-19.

PR

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