Seminários atentos a candidatos ao sacerdócio

Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios organizou encontro anual para padres formadores

Os casos de abuso sexual de menores por parte de padres, revelados nos últimos anos em diversos países, estão a motivar da parte dos seminários portugueses uma atenção reforçada para prevenir situações semelhantes.

“Importa que os formadores não comprometam a missão da Igreja com actos que signifiquem descuido no discernimento na admissão ao seminário e na verificação da idoneidade de um candidato ao sacerdócio”, explicou à Agência ECCLESIA o secretário da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, padre Jorge Madureira.

A insuficiência de padres sentida pela generalidade das dioceses não tem aligeirado as regras de entrada nos seminários e de admissão à ordenação: “É uma questão em que há consenso firme em todas as equipas de formadores”, frisa o responsável.

O padre Jorge Madureira salienta que os critérios de discernimento da vocação “vão sendo sempre ajustados” com a criação de novas normas e o apoio de ciências humanas como a psicologia, mas apesar deste cuidado “há sempre aspectos que podem escapar” durante o acompanhamento dos seminaristas.

O cuidado com que a Igreja procura seguir a evolução das dimensões afectivas e sexuais dos seminaristas “tem tendência a ser cada vez mais consistente e preparado, até pela necessidade que os formadores vão sentindo em participar em acções que os ajudem a ter uma acção mais qualificada e eficiente”, refere o padre Jorge Madureira.

A Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios organizou de 31 de Agosto e 3 de Setembro, em Angra do Heroísmo, o encontro anual destinado a responsáveis de seminários diocesanos, iniciativa que contou com a presença de 58 padres.

Duas das sete conferências proferidas pelo orador, o padre jesuíta espanhol Emílio González Magaña, foram dedicadas à afectividade: “É dada uma relevância muito importante e basilar a esta questão porque ela pode definir o modo de realizar o ministério e viver a vocação sacerdotal”, diz o padre Jorge Madureira.

Preparar para a aceitação e para a rejeição

A transição da vivência protegida do seminário para um ambiente em que os novos padres ficam expostos à avaliação das comunidades paroquiais exige uma preparação ao nível dos afectos.

Durante a formação “procura-se cuidar dos aspectos que ajudem a absorver os impulsos positivos – que expressam aceitação da ministério do presbítero no início da sua missão – mas também daqueles que às vezes são mais difíceis por razões de alguma rejeição ou indiferença”, indica o padre Jorge Madureira.

Por isso, acrescenta, “a formação dos seminários procura fornecer elementos, sobretudo na dimensão espiritual, que ajudem o novo sacerdote a saber estar diante dessas situações e a vivê-las como realidades próprias que fazem parte da sua vocação”.

“Se o padre há-de ser um discípulo fiel de Cristo, essa configuração implica aspectos semelhantes, ressalvadas as devidas distâncias, à missão de Jesus, que em muitos momentos também teve de enfrentar a indiferença e incompreensão”, assinala o responsável.

Ao antever essas e outras dificuldades, o ensino nos seminários procura acentuar a necessidade de evitar a solidão, recorrendo ao apoio do bispo, padres e de “uma série de instâncias” que visam proporcionar apoio aos sacerdotes.

Foto: Encontro de formadores de seminários, Angra do Heroísmo

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