Semana Santa: Sé de Angra tem um novo evangeliário, peça original dos monges de Singeverga

Pároco da Sé explica que obra segue lema episcopal do bispo diocesano: «Eis a tua mãe»

Angra do Heroísmo, Açores, 23 mar 2024 (Ecclesia) – O bispo da Diocese de Angra, que preside às celebrações da Semana Santa na Sé, a partir deste domingo, vai usar um novo evangeliário, encomendado aos monges de Singeverga pela catedral açoriana.

“Tendo nós, há pouco tempo, um novo bispo com uma nova simbologia quisemos fazer uma peça que fosse original, partindo da simbologia de D. Armando, que é do alto da cruz, ‘Eis a tua mãe’, frase do Evangelho de São João. E, a partir daí, pedi ao Mosteiro Singeverga que elaborasse uma obra original e que marcasse uma nova presença aqui também na catedral”, disse o pároco da Sé de Angra, em declarações à Agência ECCLESIA.

D. Armando Esteves Domingues, o 40.º bispo de Angra, tomou posse desta diocese no dia 15 de janeiro de 2023, o seu lema episcopal é o tema do novo evangeliário, a capa parte “do símbolo do alto da cruz”, a imagem e Maria junto à cruz, e na contracapa “foi representada a árvore da vida, fazendo a ponte entre a criação, a presença de Deus e, ao mesmo tempo, a redenção”.

“A Páscoa tem muito a ver com isto. Também com o sentido da relação do Batismo, do renascer e de queremos dar uma presença mistagógica, a explicação do ato celebrativo”, acrescentou o padre Hélder Miranda Alexandre.

Neste contexto, o sacerdote explica que escolheram a cor verde “por ser significativa para os Açores, com a sua natureza tão rica”, e, ao mesmo tempo, também está relacionada com o Jubileu da Esperança, “marcada por esta caminhada do povo de Deus”.

O novo evangeliário, a pedido do pároco da Sé de Angra, foi desenhado e concebido pelos monges do Mosteiro Beneditino de Singeverga, em Santo Tirso (Diocese do Porto).

“Parece-me que comprar peças que já existem ou repetidas não é suficiente. Precisamos de dar um passo adiante no investimento na arte e naquilo que é contemporâneo e a nova sensibilidade. E o significado que estas peças podem trazer também para todos os fiéis”, explicou o padre Hélder Miranda Alexandre.

O entrevistado destacou ainda que os monges beneditinos “têm uma especial formação na área da liturgia”, o que dá “alguma segurança na elaboração destas peças”, para além de já ter visto outras obras da sua autoria, acrescentando podiam ter optado por comprar no estrangeiro, mas existem “em Portugal peças tão únicas e tão criativas que podem marcar a diferença”.

Segundo o padre Hélder Miranda Alexandre, receber o novo evangeliário foi “um momento de entusiasmo” para a comunidade paroquial, o bispo de Angra também “ficou muito agradado e incentivou para continuar este caminho”.

O pároco da Sé de Angra recordou que esta igreja “é despojada”, por causa do sismo, em 1980, e depois, em 1983, “um grande incêndio, que destruiu praticamente todo o seu grande recheio interior”.

“E precisa de uma presença de arte que marque os nossos tempos, novos tempos, e que não seja só um pastiche, uma cópia do passado, daquilo que ela já foi, que era muito bela, mas poderemos ter agora a oportunidade, com um templo despojado, de ter algumas peças luminares que possam servir de catequese, como sempre foram, as grandes catedrais da Europa, ao longo dos séculos: nos seus vitrais, nas suas imagens, que se tornaram, elas próprias, catequese. E temos aqui uma oportunidade de construir e marcar a nossa época”, desenvolveu.

O novo evangeliário da Sé vai começar a ser usado este domingo (24 de março), início da Semana Santa na Igreja Católica com a celebração dos Ramos, aproveitando a presença de D. Armando Esteves Domingues nesta celebração, “porque a simbologia parte daquilo que é o símbolo do seu episcopado”, e “tem todo o sentido começar de imediato”.

“Para que também cause nas pessoas, como nos escreveu o frei Bernardino [beneditino], uma curiosidade: o que é aquilo, vamos ver, vamos aproximar, assim como um mistério, que é o próprio Mistério de Deus e da Cruz”, acrescentou o pároco da Sé de Angra.

Estação da Via-Sacra da Sé de Angra
Foto: Agência ECCLESIA/OC

O padre Hélder Miranda Alexandre está a organizar, pela primeira vez, a Semana Santa na Sé como pároco, durante uma década foi reitor do Seminário Episcopal de Angra, “uma comunidade pequenina, com seminaristas, uma comunidade específica”.

“E tem sido toda uma evolução, que eu procuro também habituar-me a este novo contexto, um desafio pessoal muito interessante. Para mim também é um horizonte que se abre. Nós temos tido participação de muitos fiéis, os Açores estão na moda do turismo que vêm e que nos procuram, agora, sinto a presença do povo de Deus, todos os dias, estou disponível, para atender, para confissões, desde manhã”, explicou.

O pároco da Sé, que tomou posse a 9 de setembro de 2023, sublinhou que este novo serviço “tem sido uma riqueza, mesmo pessoal, para a vivência do ministério”, e para aquilo que é importante para as pessoas, “sobretudo, o acolhimento, que elas precisam, com sorriso, simpatia, que já por si é pastoral”.

“O Evangeliário é o livro que contém os quatro Evangelhos, distribuídos para a sua leitura na liturgia [Missa]”, informa o Secretariado Nacional da Liturgia (SNL), da Conferência Episcopal Portuguesa.

No seu sítio online, no Dicionário Elementar de Liturgia, o SNL destaca que o Evangeliário pode ser transportado “solenemente na procissão de entrada na Missa”, o presidente da celebração, “ao chegar ao altar, beija o altar e o Evangeliário”, e “na hora de proclamar o Evangelho leva-se para o ambão e ali se abre”.

CB/OC

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