Semana Santa: Bispo de Coimbra denunciou a «insensibilidade da humanidade» perante sofrimentos «injustos»

Na homilia da celebração dos Ramos, D. Virgílio Antunes alertou para o sono, como o dos discípulos, que «primeiro dormem e depois se retiram em debandada»

Coimbra, 25 mar 2024 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra atualizou os convites da celebração da paixão do Senhor e alertou para o “sono dos discípulos”, na homilia da celebração dos Ramos, este domingo, 24 de março, na Sé Nova.

“Se nos impressiona a atitude dos discípulos, que primeiro dormem e depois se retiram em debandada, fortalece-nos José de Arimateia, que, corajosamente vai à presença de Pilatos e pede o corpo de Jesus, bem como a fé e amor das mulheres, que não arredam pé e acompanham de coração Jesus e os acontecimentos, na esperança da feliz ressurreição”, disse D. Virgílio Antunes, na Sé Nova.

O bispo de Coimbra, na homilia deste Domingo de Ramos, explicou que a celebração da paixão do Senhor convida a estarem “vigilantes com Ele no caminho de fé, enérgico e decidido”, apesar de todas as contrariedades e derrotas.

“Convida-nos a estarmos vigilantes enquanto Igreja, que está no mundo para ser sacramento da salvação de Deus, pois mesmo que nos sintamos poucos e pequenos, não ficaremos desiludidos; convida-nos ainda a uma solidariedade e comunhão na verdade e na caridade com toda a humanidade, que precisa de quem a acompanhe, levante a voz para a defender e ofereça a vida para a resgatar das injustiças que a atormentam”, desenvolveu.

Segundo D. Virgílio Antunes, aquilo que “mais fez sofrer Jesus” não foi a oferta da sua vida, mas “a injustiça daquele gesto, marcado pelo ódio e pela total ausência de amor”, enquanto o “silêncio dos discípulos”, a sua insensibilidade, o seu sono e a “sua incapacidade de O acompanharem vigilantes, pesou mais sobre Ele do que a própria cruz”.

Na Sé Nova de Coimbra, o bispo diocesano também atualizou o “sono dos discípulos” para dias de hoje, começando por indicar que evoca “as noites da fé pessoal, as noites da insensibilidade ao amor de Deus revelado na paixão e na morte de Jesus”.

“O sono dos discípulos evoca também as noites da fé da Igreja, preocupada com coisas insignificantes e banais, mas adormecida para o anúncio da Boa Nova que liberta, cura e salva”, realçou, na homilia publicada no sítio online da Diocese de Coimbra.

D. Virgílio Antunes alertou ainda que o sono dos discípulos, hoje, evoca a “insensibilidade da humanidade” diante dos “sofrimentos injustos dos irmãos e irmãs a quem é tirada a vida, a dignidade e a esperança, como se nada acontecesse”, e lamentou que são inúmeras as situações em que isso acontece diariamente “diante dos olhos anestesiados pelo sono da indiferença”.

A Igreja Católica inicia, com o Domingo de Ramos, a Semana Santa, momento central do ano litúrgico, que recorda os dias da prisão, julgamento e execução de Jesus, culminando com a Páscoa, celebração da ressurreição de Cristo.

CB/PR

 

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