São Tomé: País precisa de Governo estável

Bispo local, o português D. Manuel António dos Santos escreve em tempo de eleições presidenciais, à espera da «independência económica» da nação lusófona

Lisboa, 19 jul 2011 (Ecclesia) – O bispo de São Tomé e Príncipe, o português D. Manuel António dos Santos, considera que o país continua à espera da independência económica e frisa que a população precisa de um Governo estável.

Trinta e seis anos após a emancipação da antiga colónia portuguesa, o prelado refere em texto publicado na edição de hoje do semanário ECCLESIA que “há uma situação de pobreza generalizada” e “o desemprego afeta uma grande parte da população.

“Os ordenados são extremamente baixos, as pessoas têm um fraco poder de compra, e os produtos são quase ao preço que se pratica na Europa e, às vezes, mais caros ainda”, assinala o bispo, para quem “tarda” a independência económica do território da costa ocidental africana.

No texto redigido após a primeira volta das eleições presidenciais realizadas este domingo, D. Manuel António dos Santos, de 51 anos, defende a “estabilidade governativa” e executivos “que pensem um projeto para o país a longo prazo”.

O bispo apresenta uma lista de prioridades para o governo liderado por Patrice Trovoada e para o futuro presidente da República, a ser escolhido no dia 7 de agosto, durante o segundo turno do escrutínio, entre os dois candidatos mais votados no domingo, Manuel Pinto da Costa e Evaristo Carvalho.

“Necessitamos de dar condições de vida digna a todos, a começar pelas crianças”, escreve o prelado pertencente à congregação religiosa dos Claretianos, sublinhando a urgência de “lutar pela defesa da vida” das crianças, “tantas vezes geradas no álcool e criadas ao ‘Deus dará’”.

D. Manuel António dos Santos salienta que não se pode “continuar a tolerar o abandono” dos idosos, “acusando-os de serem feiticeiros”, crença “entranhada na sociedade santomense” que tem “consequências dramáticas”.

“Há que apostar na família, numa educação para os valores, desenvolver e apoiar iniciativas de desenvolvimento sem estarmos à espera de contra partidas”, sublinha o prelado nascido em Lamego, acrescentando que é preciso “acreditar no amanhã”.

O artigo assinado por D. Manuel António dos Santos, intitulado “São Tomé e Príncipe um país à procura de futuro”, elenca os exemplos mais recentes do apoio social prestado pela Igreja Católica, que tem “a preocupação de evangelizar o povo, mas também de ajudar a população a construir futuro”.

O território composto pelas ilhas de São Tomé e Príncipe, com uma extensão correspondente a aproximadamente 1% da superfície de Portugal, tem 151 mil habitantes, dos quais 111 mil são católicos batizados, segundo o Observatório da Liberdade Religiosa no Mundo, da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

RM

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