Santo Cristo: «Tornemo-nos mediadores da esperança» – D. José Tolentino Mendonça

Cardeal confessou emoção perante «rio de gente» que acorreu ao Santuário de Ponta Delgada

Foto: Lusa

Ponta Delgada, Açores, 22 mai 2022 (Ecclesia) – O cardeal D. José Tolentino Mendonça desafiou este sábado os peregrinos que participam nas festas do Senhor Santo Cristo, na cidade açoriana de Ponta Delgada, a transformar esta celebração numa referência para a sua vida.

“Não basta a tradição. Não é suficiente a herança cultural. Temos de experimentar alguma coisa acerca de Cristo. É urgente que os cristãos assumam a sua fé, procurem ter um contacto com a Palavra de Deus e façam dela a sua bússola, se comprometam no renovamento das comunidades paroquiais”, disse aos milhares de fieis que cumpriram a sua promessa, participando na denominada ‘Procissão da Mudança’.

O colaborador do Papa destacou a “emoção profunda” do “testemunho de fé” que brota “espontaneamente” desta manifestação secular.

“Estamos aqui porque como seres humanos nos sentimos incompletos, a caminho, e temos fome de luz; sentimo-nos carentes de uma verdade maior, capaz de nos resgatar; reconhecemos em nós a ânsia por uma palavra de Vida”, indicou, numa intervenção citada pelo portal ‘Igreja Açores’.

O responsável sublinhou que, no Campo de São Francisco, na ilha de São Miguel, cada um chega com “as suas esperanças, as suas alegrias e os seus sofrimentos”.

O meu coração se inundou espontaneamente, cheio de comoção e gratidão a Deus pelo testemunho da vossa fé. Primeiro pensava é um grande rio das lágrimas humanas, é o rio do sofrimento humano, mas é também o rio da esperança, é o rio da luz e da experiência daquilo que Deus  pode fazer na vida de cada um de nós; na beleza de constituirmos uma comunidade, um povo que caminha na história e que encontra na fé em Jesus uma expressão tão fundamental, tão necessária, tão irrenunciável da sua própria existência”.

O bibliotecário e arquivista da Santa Sé, que preside pela primeira vez a estas festas, destacou que esta “sede de Deus, de transcendência e de espiritualidade” deve ser “consequente”.

Foto: Igreja Açores

D. José Tolentino Mendonça apontou a “uma Igreja do acolhimento e do serviço, uma Igreja onde os presbíteros desenvolvem uma verdadeira paternidade espiritual e os leigos participam amplamente da missão eclesial, sejam homens ou mulheres, idosos ou jovens, adultos ou crianças, em conjunto”.

“O mundo de hoje precisa desse testemunho. Onde houver um cristão, uma cristã tem de estar presente de forma incarnada o lugar sagrado da esperança”, apontou.

Eu via passar cada um e o olhar que eu vi, mulheres e homens dedicarem ao Santo Cristo , é um olhar único, não há palavras para descrever aquilo que cada um colocava diretamente no  coração do Senhor; aquilo que só cada um de nós sabe e da razão das suas lágrimas, do seu silêncio, da sua piedade; são coisas indiscritíveis que só Deus sabe acolher e sabe entender”.

A alocução do cardeal Tolentino terminou com um apelo: “Façamos hoje da oração a nossa escola da esperança. Confiemos no poder da oração para o refazer da esperança quando ela nos parece ferida ou estilhaçada”.

A imagem permaneceu no adro da Igreja do Convento da Esperança, até às 22h00, altura em que seguiu para São José, para a segunda e última noite de Vigília.

Este domingo, dia maior da festa, é celebrada a Missa Campal e à tarde decorre a Procissão solene pelas principais ruas de Ponta Delgada.

OC

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