Santo António hoje

Frei Fabrizio Bordin

Santo António é um santo de projeção universal, sendo, muito provavelmente, o mais popular de todos os santos. Igrejas e capelas dedicadas a Santo António, imagens em grande parte das igrejas e nas casas particulares, azulejos e pinturas, cânticos, festas e peregrinações dão ideia da grande devoção popular a Santo António, que hoje atravessa todas as idades e todas as classes sociais, em todo o mundo.

António é um intelectual do seu tempo e o Primeiro Doutor da Ordem Franciscana. Mas esta qualidade é pouco conhecida pelo povo, apesar de ter sido declarado Doutor da Igreja, em 1946, mediante a bula Exulta, Lusitania felix, de Pio XII.

Contudo António é amado por todo o mundo por ser um santo acessível a todos: intelectuais e iletrados, crentes e não crentes, cristãos e muçulmanos.

A Basílica de S. António na cidade de Pádua, onde desde junho de 1231 se encontra o corpo do Santo, é testemunha visível da devoção que cada vez mais cresceu nas regiões italianas e no mundo inteiro.

Todos os anos passam por Pádua acerca 4 milhões de peregrinos para visitar e rezar ao pé do túmulo de Santo António. Só no mês de junho chamado «junho Anto-niano» com todos os seus eventos e celebrações reúne mais de 300 mil peregrinos. As Diocese da região de Veneza, organizam peregrinações todos os dias de 1 a 12 de junho, participando na oração da «Trezena de Santo António», oração popular em que os fiéis apresentam as suas necessidades ligadas à saúde, aos filhos, a fé…

No dia 13 de junho, desde o ano de 1237, realiza-se em Pádua, a grande procissão com as relíquias e a imagem de Santo António, que leva à rua 150 mil devotos. Toda a cidade é representada com as suas autoridades religiosas e civis. Nestes últimos anos este momento de devoção é enriquecido com representações históricas. É preciso lembrar que a diferença do que acontece em Lisboa, a tradição em Pádua acentuou o caráter religioso da festa, mais do que folclórico (marchas, noivas, bailes, etc).

Na noite do dia 12 quando é reevocada a morte de Santo António, às portas da cidade com um carro puxado por um par de boi, acorre a cidade e os sinos de toda a cidade tocam lembrando o que aconteceu em 1231 quando os sinos da cidade de Pádua anunciaram a morte do frade de origem português que com grande carinho foi adotado pelos paduanos e aclamado «santo súbito».

Os frades de Pádua são chamados em todo o mundo para levar as relíquias do Santo e para apresentar o perfil espiritual de António, que pode ser condensado no lema «António, homem do Evangelho e da Caridade». De facto foi o Santo que mais levou para fora do Mosteiro a Palavra de Deus, anunciando-a numa língua compreensível ao povo. Foi o Santo que lutou contra a usura, defendendo os direitos das classes mais indigentes.

Através do Mensageiro de Santo António que sai em várias línguas (italiano, inglês, francês, português, espanhol, romeno, polaco, etc.), os frades procuram difundir a devoção antoniana e sobretudo evangelizar com espírito franciscano e antoniano. A editora antoniana em Pádua, neste momento está presente no panorama cultural do País e na feira internacional do livro em Turim. É uma referência entre as editoras católicas.

Ao lado da imprensa e da difusão radiofónica e digital, desenvolveu notavelmente a dimensão da caridade. No fim do século XIX surgiu a Associação «o Pão de S. António», hoje mudou de nome, é a «Caritas Antoniana» que lança todos os anos centenas de projetos de desenvolvimento e de formação nos cinco Continentes. Este ano o projeto mais consistente é a Construção de um Centro de Saúde no Vietname para crianças doentes de lepra. Só no ano 2010 a «campanha de solidariedade antoniana» financiou mais de 142 projetos em 40 Países, por um total de 2 milhões e 306 mil euros, 540 mil, mais do que em 2009. É o milagre económico da solidariedade em nome de António e através dos devotos de Santo António.

É interessante saber que o primeiro financiamento de um país estrangeiro foi a ajuda económica depois das cheias sofridas pela cidade de Lisboa em 1967. Outro contributo significativo foi o financiamento das estruturas paroquiais e sociais que nos anos ‘80 e ‘90, a Caritas Antoniana de Pádua, promoveu nos bairros de Chelas, logo após da chegada da primeira comunidade de franciscanos conventuais, que desde 1983 trabalham nas paróquias franciscanas de Marvila.

E é em homenagem e em espírito de agradecimento, que os frades menores conventuais regressaram em 1974, após mais de 400 anos da supressão, a Portugal, na cidade de Coimbra, onde o jovem monge Fernando de Lisboa se tornou frei António ingressando na recém-nascida Ordem Franciscana.

É a partir de Coimbra, Lisboa e mais tarde Viseu, que estas pequenas comunidades, procuram difundir a mensagem evangélica com o mesmo ardor e paixão missionária deste filho de S. Francisco e testemunhar a caridade e o serviço aos pobres com a mesma dedicação do Santo de todos.

Frei Fabrizio Bordin, Delegado Provincial, ofmconv.

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