Relatório apresenta panorama mundial da Liberdade Religiosa

“Respeitar a liberdade religiosa é também permitir que as comunidades religiosas se manifestem na vida social”, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa que, na apresentação do Relatório 2005 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, lamentou ainda que o Tratado Europeu tenha esquecido o contributo das religiões para a construção europeia. Marcelo Rebelo de Sousa destacou a situação da liberdade religiosa na China “como a mais grave” entre os 200 países analisados na edição deste ano do Relatório 2005 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, publicado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre. O comentador político considerou que seria muito preocupante se a comunidade internacional “se convertesse ao poderio económico da China, aceitando violações à liberdade religiosa”. O Governo de Pequim limita, por um lado, a liberdade religiosa nas comunidades “oficiais”, supervisionadas pelas “associações patrióticas”, ao defini-la não como um direito inato aos seres humanos, “mas como uma concessão que é definida e atribuída pelo Estado”. Simultaneamente, as comunidades religiosas “clandestinas” (como os católicos que são fiéis à Santa Sé) são perseguidas e controladas pelo Estado, estando igualmente impossibilitadas de expressar livremente a sua fé. Na conferência de imprensa realizada hoje no Grémio Literário em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa criticou igualmente o combate ao terrorismo e ao fundamentalismo religioso através de políticas repressivas, recordando os episódios de violência como os que ocorreram no Reino Unido e na Holanda envolvendo as comunidades muçulmanas. “Se não houver liberdade, se as pessoas forem rejeitadas e excluídas, isso só aumenta a violência”, declarou o comentador que lamentou também o facto de em muitos países ocidentais se tentar travar o fundamentalismo religioso extremista através de acções militares ou policiais para solucionar “um problema de cultura, social”. No continente europeu foi igualmente assinalada uma tendência secularista em países como a Espanha, assim como a “atitude de separação activista ou laicista em relação aos grupos e às manifestações religiosas”, expressas nas normas adoptadas em França e em alguns Estados alemães quanto uso de símbolos religiosos nas escolas públicas e pelos funcionários públicos. Em relação a Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa considerou ser “redutor” para a liberdade religiosa dizer que esta pode ser vivida a sós ou em comunidades fechadas. Lamentado os actuais excessos “anti-clericais”, defendeu que “respeitar a liberdade religiosa é não a limitar aos templos onde as comunidades crentes praticam os actos de culto, é permitir que ela se manifeste em todos os aspectos da vida social”. O carácter multi-religioso deste documento publicado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre foi também destacado, uma vez que denúncia casos de violação à liberdade de culto de crentes de várias confissões religiosas, não se limitando aos ocorridos no seio de comunidades católicas. Na apresentação pública do relatório estiveram também presentes o secretário-geral internacional da organização, Norbert Neuhaus, o Bispo de Chimoio (Moçambique), D. Francisco Silota, e representantes das várias confissões religiosas, entre outras personalidades. Departamento de Informação da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

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