Refugiados: JRS Portugal lança campanha por políticas de acolhimento mais justas

«Solidariedade sem Fronteiras, um Mundo sem Barreiras» é o mote da iniciativa

Lisboa, 20 jun 2023 (Ecclesia) – O JRS (Serviço Jesuíta aos Refugiados) Portugal lançou hoje a campanha “Solidariedade sem Fronteiras, um Mundo sem Barreiras”, pedindo que as políticas de acolhimento dos refugiados sejam “mais justas”.

A iniciativa alerta para a “desigualdade no tratamento dos refugiados” pelos países que os acolhem.

“Com a guerra na Ucrânia, a solidariedade não conheceu fronteiras. O mundo uniu-se para desconstruir as barreiras e garantir que as pessoas que fugiam das atrocidades do conflito conseguiam encontrar na Europa a Paz e Segurança que tanto merecem”, refere André Costa Jorge, diretor do JRS Portugal e coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR).

“Não nos podemos esquecer que tantas outras nacionalidades vindas de países como o Sudão, a Síria, ou a Eritreia, que também fogem de guerras, conflitos e crises humanitárias, são forçados a arriscar a sua vida na travessia do Mediterrâneo, a viver em condições deploráveis, bloqueadas às portas da Europa, sem dignidade ou direitos”, acrescenta, numa nota enviada à Agência ECCLESIA.

O JRS Portugal sublinha que todas as pessoas merecem ser “acolhidas e protegidas, independentemente da sua nacionalidade ou proveniência”, apresentando as histórias de Ghalia Taki e Siraj Ibrahim.

Ghalia Taki oriunda de Damasco (Síria), foi detida, grávida de três meses e meio, no aeroporto de Lisboa em 2014, com o marido, o filho e a mãe por terem documentos falsos.

Em 2015, começou a trabalhar no Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS Portugal) como intérprete e mediadora cultural, sendo, atualmente, coordenadora do departamento de interpretação e mediação cultural e do projeto Bolsa de Intérpretes, que conta com 107 intérpretes em mais de 27 idiomas diferentes para ajudar outras famílias refugiadas.

Siraj Ibrahim, de 42 anos, é natural da Eritreia de onde fugiu em 2005 para o Sudão onde esteve durante um ano; em 2006, seguiu para a Líbia onde esteve durante cinco anos, antes de fugir novamente para a Tunísia; veio para Portugal em 2011 ao abrigo do programa de Reinstalação, e desde 2015 é intérprete no JRS.

Para além da campanha de sensibilização, que assinala o Dia Mundial do Refugiado, celebrado hoje, o Serviço Jesuíta aos Refugiados promove, de 22 a 25 de junho, a exposição “Vizinhos do Lado”, que junta 21 retratos de famílias afegãs.

“Estes retratos resultam da experiência de apoio de emergência em centro de acolhimento durante os meses iniciais do trajeto de integração das famílias afegãs”, assinala o comunicado de imprensa.

A exposição vai estar patente em vários locais, começando pelo Largo do Cabeço de Bola, em Lisboa, e faz parte do Festival Bairro em Festa.

O tempo junto das famílias e dos técnicos de Centro promoveu a aproximação necessária para que estas histórias fossem partilhadas na primeira pessoa e escritas pela jornalista afegã Farkhunda Kargar, acolhida através de uma operação humanitária de resgate. A fotografia é da autoria do fotógrafo português Vasco Passanha”.

O Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) alertou, hoje, para o impacto da seca prolongada e o aumento da fome no Corno de África, que colocou cerca de 3,3 milhões de pessoas refugiadas e deslocadas internamente em necessidade urgente de assistência humanitária, “um número recorde nesta zona do continente”.

A Etiópia, o Quénia e a Somália deparam-se com um número recorde de refugiados e deslocados internos.

“Para fazer face à previsão de agravamento ao longo de 2023, e colocar em prática uma resposta de emergência imediata, o parceiro nacional do ACNUR ativa a campanha ‘A Fome Está a Duplicar’ para sensibilizar e angariar fundos”, indica uma nota enviada à Agência ECCLESIA.

O Papa Francisco recorreu ao Twitter para assinalar este Dia Mundial do Refugiado: “Vendo Cristo presente em tantos desesperados que fogem de conflitos e alterações climáticas, é preciso enfrentar o problema do acolhimento sem desculpas e sem demora. Vamos enfrentá-lo juntos, porque as consequências repercutem-se sobre todos”.

OC

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