Reclusos e militares de Tomar (re)descobrem a fé

Alguns reclusos e militares que prestam serviço no Estabelecimento Prisional Militar de Tomar receberão amanhã (5 de Julho) os sacramentos do Baptismo e da Confirmação. Em declarações à Agência ECCLESIA António Vasconcelos, elemento do Conselho Pastoral do Estabelecimento Prisional Militar de Tomar, realça que depois da “preparação catequética para adultos chegou a altura deles fazerem a sua profissão de fé”. E avança: ” Chegámos ao fim com um grupo de 22 jovens que receberão os sacramentos”. A celebração será na Igreja de Santa Maria do Olival, em Tomar, e será presidida por D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas e de Segurança. “Isto é o culminar do grande espírito humanizador que existe nos militares e funcionários civis” – disse o bispo. A fé não se impõe, mas “propõe-se”. Através do exemplo e carinho, as pessoas tomaram esta “atitude em liberdade” – realçou à Agência ECCLESIA D. Januário Torgal Ferreira. Actualmente,o Estabelecimento Prisional Militar de Tomar tem cerca de 70 pessoas. Destas, 12 são reclusos. “Serão baptizados 2 reclusos e receberão o sacramento do Crisma 5 reclusos” – afirmou António Vasconcelos. Os restantes fazem parte do pessoal que presta serviço no presídio. “Uma boa taxa para o número de pessoas do estabelecimento prisional. “Estamos felizes por termos um resultado destes”. Os reclusos “não são forçados a nada nem a nenhuma religião” – frisou António Vasconcelos. Mesmo estando na cadeia há uma caminhada e “são eles que vêm às celebrações eucarísticas e ao Terço (rezado diariamente na capela do estabelecimento)”. Para além das actividades no interior do estabelecimento, todos os anos os reclusos fazem uma peregrinação a pé ao Santuário de Fátima. Com o intuito de preparar a sua entrada na sociedade, o Conselho Pastoral ajuda também a “integrar os reclusos com actividades diversas: futebol, voleibol e badminton”. E acrescenta: “Fazemos também o jornal «Amanhã» para os ocupar e os manter ligados com o mundo exterior”. Este Jornal é distribuído por todas as unidades militares, pelas congregações religiosas e “chega também ao Vaticano”. No período pós-reclusão “sentimos que eles estão preparados para o mundo exterior” – disse este elemento do Conselho Pastoral. Neste momento “temos um recluso em RAVE (Regime Aberto Voltado para o Exterior) a trabalhar na Santa Casa da Misericórdia de Tomar”. Apesar do capelão do estabelecimento estar, actualmente, no Kosovo, o Conselho Pastoral continua com dinamismo e a oferecer propostas aos elementos daquela «família». “O conselho pastoral empenhou-se para levarmos ao altar os 22 militares” – reconheceu. A cidade de Tomar está a viver a Festa dos Tabuleiros e “nós viveremos também a festa do Espírito Santo com a recepção do sacramentos”. D. Januário Torgal Ferreira sublinhou que esta festa “é sinónimo de caminho”. Receber um sacramento “não significa um privilégio em ordem a serem libertos, mas uma responsabilidade”. Na celebração “irei dizer que aquilo que vivemos não é um discurso retórico nem um livro redigido e cheio de raiva contra pessoas”. No ano passado, os reclusos mostraram também a sua arte. Na exposição «Sujeitos e Objectos», os visitantes puderam ver trabalhos feitos de madeira, fósforos e vidro pelos reclusos.

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