RC Congo: Papa pede que bispos sejam «voz profética» em defesa de um «povo crucificado e oprimido»

Encontro com a Conferência Episcopal Nacional do Congo elogia determinação da população

Foto: Vatican Media

Kinshasa, 03 fev 2023 (Ecclesia) – O Papa encontrou-se hoje com os membros da Conferência Episcopal Nacional do Congo (CENCO), em Kinshasa, desafiando os bispos católicos a ser uma “voz profética” em defesa de um “povo crucificado e oprimido”.

“Convosco, irmãos, vejo Jesus sofredor na história deste povo crucificado e oprimido, perturbado por uma violência que não poupa ninguém, marcado pela dor inocente, constrangido a conviver com as águas turvas da corrupção e da injustiça, que poluem a sociedade, e a padecer em tantos dos seus filhos a pobreza”, disse, na sede da CENCO, que acolheu o último evento público da viagem à República Democrática do Congo, iniciada esta terça-feira.

Francisco elogiou o povo congolês, “que não perdeu a esperança”, apesar de décadas de guerra e de exploração dos seus recursos naturais por interesses externos.

“Foi bom para mim passar estes dias na vossa terra, que representa, com a sua grande floresta, o coração verde da África, um pulmão para o mundo inteiro. A importância deste património ecológico recorda-nos que somos chamados a salvaguardar a beleza da criação e a defendê-la das feridas causadas pelo egoísmo”, apontou.

Num país em que a comunidade católica representa quase 50% dos mais de 100 milhões de habitantes, o Papa manifestou-se solidário com os sofrimentos da população.

“Que a ansiada paz, sufocada pela exploração, por egoísmos de parte, pelos venenos dos conflitos e das verdades manipuladas, possa finalmente chegar como uma dádiva do Alto”, desejou.

Falando aos bispos, Francisco pediu que o ministério episcopal seja vivido na “proximidade de Deus e a profecia para o povo”.

“Peço-vos para não descurardes o diálogo com Deus e não deixardes que o fogo da profecia se apague por cálculos ou posições ambíguas com o poder, nem por uma vida cómoda ou rotineira”, apelou.

O Papa alertou ainda para a tentação de “ver no episcopado a possibilidade de escalar posições sociais e exercer o poder”, condenando o “espírito feio do carreirismo”.

É necessário, pois, arrancar as plantas venenosas do ódio e do egoísmo, do rancor e da violência; demolir os altares consagrados aos ídolos do dinheiro e da corrupção; edificar uma convivência baseada na justiça, na verdade e na paz”.

Francisco seguiu para o Aeroporto Internacional N’djili de Kinshasa, onde se despede das autoridades da RDC.

Esta é a quinta viagem do atual Papa ao continente africano, onde esteve em 2015, 2017 e 2019, por duas vezes, tendo passado pelo Quénia, Uganda, República Centro-Africana, Egito, Marrocos, Moçambique, Madagáscar e Maurícia.

A visita, iniciada na terça-feira, prolonga-se até domingo, passando, a partir de sexta-feira, pelo Sudão do Sul.

OC

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