R.D. Congo: Missionário português destaca que o Papa quer «tocar com as próprias mãos» a realidade do país

Padre Marcelo Oliveira afirma que «a visita do Papa é um alento»

Kinshasa, República Democrática do Congo, 31 mai 2022 (Ecclesia) – O padre Marcelo Oliveira, missionário Comboniano português, vai acompanhar a viagem apostólica do Papa à República Democrática do Congo, de 2 a 5 de julho, afirmando que Francisco quer “tocar com as próprias mãos a realidade deste país”.

“Como podeis imaginar, a visita do Papa é um alento. Será decerto um momento importante para ajudar os cristãos à reconciliação”, disse o administrador principal da Província dos Missionários Combonianos na República Democrática do Congo, em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, pelo secretariado português da AIS, o padre Marcelo Oliveira afirma que a visita papal vai permitir que o mundo fique a conhecer melhor os problemas da República Democrática do Congo.

“Tantas vezes na Praça do Vaticano invocou a realidade de sofrimento, de insegurança, de massacres neste país, e quis vir até ao meio de nós para poder tocar com as suas próprias mãos esta realidade”, desenvolveu.

O sacerdote português alerta para o roubo das riquezas naturais, a insegurança, os ataques de grupos armados, a pobreza extrema de grande parte da população.

Neste contexto, explica que a República Democrática do Congo “é um país riquíssimo em ouro, diamantes, cobalto, coltan”, o que origina ataques para “tentar partir as populações e depois tomar posse das terras”, tudo realizado com “muitos interesses da comunidade internacional”, e de todos os países vizinhos.

“Quantas riquezas, quanta madeira, quanto ouro, quantos diamantes são levados sem serem pagos… Tantas pessoas que morrem nas minas, sobretudo do cobalto, enterradas nos aluimentos das terras”, acrescentou.

Segundo o missionário Comboniano, a procura pelas riquezas conduziu o país para um estado de permanente sobressalto e faz com que “não se possa desenvolver e que não haja um benefício para a população”.

“São os ricos que se enriquecem e os pobres que estão cada vez mais pobres. São os pobres que trabalham, mas são ricos que levam para fora do país toda a riqueza que podeis imaginar: Ouro, diamantes, e sobretudo o coltan, tão procurado para as informáticas”, salientou.

Do programa da visita de Francisco, o padre Marcelo Oliveira destaca que o Papa não ficar apenas na capital, Kinshasa, mas passa pela cidade de Goma “onde, há alguns meses, o vulcão Nyiragongo entrou em erupção” e estar com algumas vítimas, por “questões de logística” não vai a Beni-Butembo, mas “uma delegação das famílias que foram martirizadas, de famílias que estão em grande sofrimento”, vai estar com o Papa”.

À Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre contou ainda que se existir a oportunidade de estar com Francisco só vai dizer “obrigado”.

Os Missionários Combonianos têm 12 comunidades na República Democrática do Congo, onde o sacerdote português, administrador principal desta província, tem, neste momento, responsabilidades mais administrativas e logísticas. 

A viagem apostólica do Papa é uma ‘Peregrinação ecuménica de paz na terra e ao povo do Sudão do Sul’, país que visita de 5 a 7 de julho.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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