Igreja/Sociedade: «A cultura é sempre um exercício coletivo» – D. Manuel Clemente

Sessão na UCP apresentou novo livro do cardeal-patriarca, «O Catolicismo, Portugal e a Europa»

Lisboa, 31 mai 2022 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa disse hoje que o diálogo cultural é uma componente “essencial” da ação católica, destacando a importância da “ligação entre cultura, religião e movimentos missionários” na construção da Europa.

“A cultura é o que faz com que possamos dizer ‘nós’. A cultura é sempre um exercício coletivo”, referiu, na sessão de apresentação do seu novo livro ‘O Catolicismo, Portugal e a Europa– Uma relação criativa’, que decorreu na sede da Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa.

D. Manuel Clemente realçou a tradição “presença ativa” dos leigos católicos nas “várias frentes” da sociedade portuguesa, num “grande pluralismo”.

O responsável debateu com historiador António Araújo sobre o tema ‘Portugal e a Europa: uma conversa sem fim’.

O cardeal-patriarca identificou uma “marca portuguesa” que existe no país e nas comunidades emigrantes, hoje com particular referência a Fátima, um lugar “único, especial e inicial”.

“O cerne do sentimento cristão é a certeza de uma vitória”, acrescentou, destacando a centralidade, na sua formação, da reflexão sobre o “influxo da religião” na criação de uma sociedade.

António Araújo destacou, por sua vez, a “consciência do tempo” da reflexão de D. Manuel Clemente, ancorada em “dados objetivos”, na realidade concreta.

O historiador apelou à preservação do “fundo cultural” no Velho Continente, afirmando que “é o Cristianismo que fundamenta a Europa”.

A apresentação do novo livro, editado pela Universidade Católica, esteve a cargo do antigo primeiro-ministro português e ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

O orador elogia o “notável contributo intelectual” oferecido pela obra para a Igreja e a sociedade, destacando a relação particular entre o Catolicismo e Portugal.

Em relação à Europa, Durão Barroso considera que D. Manuel Clemente se “afasta claramente das teses negativistas, pessimistas, que hoje em dia são correntes”, distinguindo-se pela sua “serenidade”.

A intervenção destacou, ainda, o argumento de que “o Cristianismo criou a geografia europeia”, lamentando a dificuldade de alguns setores em assumir “sem complexos” esta tradição.

“Quem não acredita nos seus próprios valores, tem dificuldade em defendê-los”, advertiu o antigo presidente da Comissão Europeia.

O livro reúne textos redigidos, ao longo dos anos, pelo cardeal-patriarca de Lisboa, “um dos mais perspicazes e profundos historiadores do Portugal moderno” e “uma das vozes mais relevantes da intelectualidade portuguesa”, sublinha no prefácio a reitora da UCP, Isabel Capeloa Gil.

Para esta responsável, o lançamento da obra representa “um gesto de reconhecimento e de justa homenagem” a D. Manuel Clemente, cuja reflexão sobre o passado ajuda a “entender o presente e projetar o futuro”.

Outro antigo reitor da UCP, Manuel Braga da Cruz, assina a introdução do livro e é responsável pela seleção dos textos, referindo-se a D. Manuel Clemente, vencedor do Prémio Pessoa, como um “intelectual comprometido”, com uma “eminente preocupação pastoral”.

O patriarca de Lisboa, especialista em História da Igreja, apresenta na obra reflexões sobre temas como “O catolicismo na História”, “Catolicismo e Liberalismo”, “O Catolicismo e a República”, “O Catolicismo na Identidade Nacional”, “A Europa e o Catolicismo” e “O futuro do Catolicismo, de Portugal e da Europa”.

D. Manuel Clemente propõe uma “espécie de ‘senado’, em que os mais velhos e experientes se pronunciassem preventivamente sobre medidas e projetos dos responsáveis ativos, mesmo que só a título consultivo”.

A publicação tem o apoio da Fundação Amélia de Melo.

OC

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