Quebrar o ciclo da violência doméstica

O Lar de Santa Helena, em Évora, acolheu nos últimos quinze anos 288 mulheres vítimas de violência doméstrica e mais de 300 crianças, num esforço de quebrar este ciclo violento e permitir um novo começo.

A Ir. Júlia Bacelar, director do Lar, refere à ECCLESIA que a casa das Irmãs Adoradoras nasceu quando “começaram a bater à nossa porta várias mulheres”. “Têm sido histórias muito difíceis”, refere, admitindo que hoje as mulheres chegam com “mais feridas no corpo e na alma”.

A maioria tem conseguido encontrar um novo rumo e fazer “uma vida autónoma”, mesmo quando é preciso “recomeçar do zero”, revela a Ir. Júlia Bacelar.

Em 1995, o Lar de Santa Helena, a par de outras duas instituições, foi pioneira a nível nacional do apoio às mulheres vítimas de violência doméstica, ainda sem suporte legal que só seria regulado em 2001 e depois em 2006.

Para Edmundo Martinho, presidente do Instituto da Segurança Social, nos últimos anos tem aumentado a sensibilidade da opinião pública para esta questão.

“Os números da violência doméstica têm uma expressão pública muito importante, não porque tenha aumentado, mas porque hoje a sociedade é muito menos tolerante à violência doméstica”, assinala.

Casas como o Lar de Santa Helena são “respostas indispensáveis” para quem precisa de protecção, indica Edmundo Martinho, para quem estes espaços são um ponto de partida, “fundamentais para a recomposição da vida destas mulheres”.

Para este responsável, é importante reagir sempre que há casos de violência, procurando “combater eficazmente este flagelo”.

Augusta Barbosa, psicóloga no Lar de Santa Helena, defende que para fazer face ao problema da violência doméstica foi preciso “romper o silêncio”, defendendo que “qualquer um de nós tem o direito e o dever de denunciar”.

Quanto às mulheres que são acolhidas nesta casa, normalmente acompanhadas dos seus filhos, lembra que “chegam sem nada” e que é a partir desse momento que podem repensar a sua vida.

“É sempre uma preocupação nossa que elas próprias sejam as protagonistas desta história, que possam definir o caminho que querem”, assinala Augusta Barbosa.

Segundo a Direcção Geral da Administração Interna, a violência doméstica é o quarto crime mais registado em Portugal, tendo provocado a morte de 16 pessoas, só no ano passado.

85% das vítimas são mulheres, com uma idade média de 39 anos, sobretudo casadas ou a viver em união de facto.

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