Quaresma: Bispo do Funchal incentiva à «conversão pessoal e conversão comunitária», na celebração das Cinzas

«Vivemos num mundo que é tão ao contrário do que nos propõe o Evangelho», afirma D. Nuno Brás

Foto: Jornal da Madeira /Duarte Gomes

Funchal, Madeira, 14 fev 2024 (Ecclesia) – O bispo do Funchal alertou hoje para a necessidade “de conversão pessoal e de conversão comunitária”, na homilia da Missa de Quarta-feira de Cinzas.

“É verdade que a nossa civilização ocidental encontra grande parte das suas raízes na fé cristã, nas suas propostas de vida, nos seus valores e atitudes (e até nos seus ritmos temporais). Mas, sejamos honestos, este nosso mundo está tão longe de Jesus”, disse D. Nuno Brás, na Catedral do Funchal.

Na homilia da celebração que marca o início do tempo da Quaresma, o bispo diocesano salientoyu que todos necessitam, “verdadeiramente, de conversão”, cada um e todos, uma “conversão pessoal e conversão comunitária”, afirmando que o mundo “é tão ao contrário do que propõe o Evangelho”.

D. Nuno Brás explica que este mundo “valoriza o ‘eu’, o subjetivo” e convida a desconfiar de tudo e de todos, enquanto o cristianismo valoriza “O outro, a caridade” e tem na sua raiz a fé, o mundo vive para o presente e o cristianismo “para a eternidade”, um mundo que “facilmente elogia aquele que rasga as suas vestes”, mas quem ousa expor “o seu coração à luz divina é ridicularizado e perseguido”.

Este nosso mundo exalta o poder; o cristianismo enaltece o serviço. Este nosso mundo procura a riqueza material; o cristianismo apresenta como caminho o pobre que é Jesus. Este nosso mundo coloca o homem no centro de tudo; o cristianismo coloca Deus no centro da nossa vida”.

O bispo do Funchal começou a homilia de Quarta-feira de Cinzas com a frase bíblica do profeta Joel, escutada nas leituras da celebração, ‘rasgai os vossos corações e não as vossas vestes’, um “convite” que “não pode deixar de ser uma interpelação para todos”, porque é, por outras palavras, “retomado no Evangelho pelo próprio Jesus”.

“Hoje, não iremos rasgar as nossas vestes. Mas vamos impor-nos as cinzas, como expressão da atitude interior de quem grita, uma vez mais, ao Senhor: ‘Perdoai, Senhor, perdoai ao vosso povo e não entregueis a vossa herança a ignomínia e ao escárnio das nações’”, desenvolveu.

Segundo D. Nuno Brás, quando o profeta convida a rasgar o coração, “convida a ir mais além e mais profundamente”, e recorda que o coração é, para a tradição bíblica, “o lugar da vida, do sentimento, das escolhas, da relação com Deus”, por isso “significa abrir diante de Deus a realidade mais íntima”.

“Deixar que Ele converta o nosso modo de pensar, de ser, de viver – que o faça não apenas no que somos exteriormente, naquilo que aparece e é conhecido por todos ou a alguns, naquilo que diz respeito à nossa vida social, mas que modifique igualmente aquelas realidades que constituem o núcleo mais sagrado e íntimo de cada um”, desenvolve.

A Igreja Católica começa neste dia 14 de fevereiro a viver o tempo litúrgico da Quaresma, de 40 dias (a contagem exclui os domingos), que tem início com a celebração de Cinzas, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência; serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (este ano a 31 de março).

Na sua mensagem para a Quaresma, o bispo do Funchal informou que a diocese vai enviar o resultado da renúncia quaresmal para os cristãos na Palestina; a renúncia quaresmal é uma prática em que os fiéis abdicam da compra de bens adquiridos habitualmente noutras épocas do ano, reservando o dinheiro para finalidades especificadas pelo bispo da sua diocese.

CB/OC

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