Quaresma: «Abandono e indiferença» desafiam ideal de «esperança» – Bagão Félix

Antigo presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz comenta tempo litúrgico que hoje se inicia

Lisboa, 01 mar 2017 (Ecclesia) – O economista e político António Bagão Félix defende que o tempo de Quaresma que hoje tem início é uma oportunidade para reforçar o “não” a uma matriz social marcada por dramas como a pobreza e a desigualdade.

Em entrevista transmitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2), o antigo presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, da Igreja Católica, aponta “o abandono e a indiferença” como “adversários poderosíssimos” para um ideal cristão assente na “ideia luminosa da esperança”.

“A tirania do ter” continua hoje a sobrepor-se ao valor do “ser”, apesar de todos os mecanismos sociais existentes.

“Os sistemas fiscais e de proteção social tentam equilibrar minimamente as situações, o que é importante e necessário, mas não é suficiente”, reconhece o ex. ministro das Finanças e Segurança Social.

Segundo Bagão Félix, é aqui que entra a proposta de Quaresma, que é não só um desafio à “solidariedade” mas também um convite ao “discernimento”, a um exame de consciência.

“Mudar apenas naquilo que é a embalagem, há quem faça mas não é sustentável. Nós só podemos mudar o exterior através do nosso interior, porque é a única maneira convicta, autêntica, de renovar e transformar o mundo”, frisa o comentador, que recorda a máxima que brota da “caridade cristã”.

“Essa ética assimétrica em que um recebe mais do que o outro, é absolutamente necessária para uma sociedade renovada”, sustenta o antigo presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz.

A Quaresma, que começa hoje com a celebração de Cinzas, é um período de 40 dias, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.

PR/JCP

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