Quaresma 2024: «Tocando aquilo que é mais profundo em nós próprios, estamos a tocar o transcendente» – padre Adelino Ascenso

Percurso quaresmal, inspirado na «Mística do Arado», convida a descobrir a beleza nos lugares mais inesperados

Lisboa, 02 mar 2024 (Ecclesia) – O padre Adelino Ascenso, superior geral dos Missionários da Boa Nova, afirma que a beleza, mesmo em lugares improváveis, é uma porta de entrada para a interioridade e a fé, como caminho de “genuinidade”.

“Tocando aquilo que é mais profundo em nós próprios, estamos a tocar o transcendente. Estamos a tocar o sagrado”, refere o sacerdote, no terceiro encontro do percurso quaresmal, inspirado pela sua obra ‘A Mística do Arado’.

Para o responsável católico, é possível ver beleza numa imagem “grotesca”, dando como exemplo a sua experiência na cidade de Varanasi, na margem esquerda do rio Ganges, na Índia, onde ia tomar chá a uma pequena baiuca, junto ao recinto onde os corpos são cremados, num “entrelaçar entre vida e morte”.

“Os homens sem casta, que são os únicos que podem fazer aquele trabalho ali, no ghat, o recinto da cremação, vestidos de branco, um branco-sujo, vinham, tomavam chá, surpreendiam-se com a presença de um estrangeiro”, recorda.

A conversa entre todos encerrava-se com um “aperto de mão”, num momento de “grande beleza”, afirma o padre Adelino Ascenso.

O sacerdote considera que esta dimensão “da beleza da genuinidade” está a ser recuperada, na Igreja e na sociedade.

“A beleza daquilo que é o mais profundo da nossa vida”, precisa.

Num olhar sobre o diálogo entre fé e arte, o geral dos Missionários da Boa Nova admite tensões, por entender que “para a abertura a novos horizontes é necessário romper fronteiras e enveredar por caminhos não convencionais”.

“A genuinidade do artista consiste em apontar para lá do horizonte, em fazer visível o invisível”, acresenta.

A arte depois tem um papel fundamental, que é acompanhar-nos, levar-nos ou atrair-nos até às antecâmaras da fé. Porque a partir daí terá de haver uma decisão.

A conversa aborda ainda o papel da palavra, no pensamento ocidental, alertando para o risco de que “as palavras Deus, mesmo a palavra Cristo, a palavra amor, sendo usadas excessivamente, acabem por ser banalizadas”, levando a um distanciamento.

A “Palavra”, acrescenta, é o “núcleo vital” da fé cristã.

“É esse núcleo vital que nos leva a caminhar, a existir, a buscar, a rejubilar”, observa.

O padre Adelino Ascenso, autor da obra “A Mística do Arado”, propõe um itinerário de preparação para a Páscoa para acompanhar online e no programa no programa ECCLESIA, na Antena 1 (06h00), a cada domingo da Quaresma.

A conversa, divulgada semanalmente nos canais da Agência ECCLESIA nas redes sociais, deixa uma recomendação para a preparação da Páscoa 2024: “Ter atenção naquilo que é genuíno. Naquilo que é verdadeiro. Sejam as nossas ações, os nossos atos mais simples, sejam as nossas palavras, sejam os nossos encontros, que nós valorizemos a genuinidade”.

“Aí estamos, naturalmente, a tocar a beleza. E, tocando a beleza, nós estamos a tocar o divino”, conclui.

OC

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