QREN pode financiar projecto da diocese de Braga

Resultados da inventariação fundamentais para futuros apoios Nada está ainda definido em matéria das linhas de apoio do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) ao projecto “Inventariação do Património da Arquidiocese de Braga – Criação de uma Base de Dados”, levado a cabo pelo Instituto de História e Arte Cristãs (IHAC). Contudo, os resultados, como os que ontem foram apresentados em Guimarães, «são fundamentais» para a concessão de mais apoios, frisou o representante da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN). «Os resultados já apresentados são fundamentais e podem servir de rampa de lançamento para que mais apoios sejam concedidos», disse Vilela Bouça, chefe de projecto da CCDRN, entrevistado pelo Diário do Minho, no final da sessão, que decorreu no Museu de Alberto Sampaio. A afirmação daquele técnico surge na sequência dos apelos que ouviu por parte dos responsáveis pela execução do projecto de inventariação, do presidente da Câmara de Guimarães, António Magalhães, e do Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga. «Nada está definido mas serão lançados concursos cujas linhas dão possibilidades para que se consigam apoios para estes projectos de carácter imaterial», adiantou Vilela Bouça, indicando que serão definidas também «prioridades». Aquele técnico recomendou que as instituições – neste caso o IHAC – consultem regularmente a página do QREN na Internet, de forma a que possam candidatar-se às linhas de apoio que julguem mais adequadas ao projecto em questão. Sobre o trabalho já efectuado na inventariação do património da Arquidiocese de Braga, concretamente, sobre os primeiros resultados públicos agora revelados em forma de oito livros, seis desdobráveis e outros tantos quiosques multimédia, Vilela Bouça teve oportunidade de dar os parabéns e incentivar à continuidade do projecto. Em Guimarães, dentro deste projecto, foi inventariado o património da igreja de S. Domingos e paroquial de S. Paio, igreja de Nossa Senhora da Consolação e dos Santos Passos, e igreja de Nossa Senhora da Oliveira, um trabalho coordenado pelo Museu de Alberto Sampaio. Em cada um destes locais foram ontem inaugurados quiosques multimédia que permitem aos turistas acederem (somente em Língua Portuguesa) ao que de melhor existe em cada templo. Por 50 cêntimos, o utilizador pode consultar a base de dados patrimonial da igreja – com recurso a um ecrã táctil – durante cinco minutos. O custo unitário de cada quiosque instalado é de quatro mil euros. Património enfrenta muitos inimigos Presente na sessão de apresentação, o Arcebispo de Braga disse que este não é um ponto de chegada mas de lançamento para um trabalho que é preciso estender às mais de 550 paróquias da Arquidiocese, mas também às confrarias e irmandades existentes. D. Jorge Ortiga, que disse esperar que o projecto coordenado pelo IHAC possa continuar a contar com o apoio dos fundos comunitários, lembrou que existem «muitos inimigos do património». O prelado explicou que, para além dos salteadores de arte, o património das igrejas continua a enfrentar inimigos como «os “bichos”, a humidade dos vasos e jarras colocadas nos altares, as obras promovidas por algumas comissões de festas», entre outros factores que potenciam a degradação da riqueza existente. O Arcebispo Primaz espera que mecenas apoiem a continuidade de um projecto que, pelas suas características e extensão, é pioneiro no país. Guimarães inventariou mais de 2.500 peças A directora do Museu de Alberto Sampaio revelou que, desde 2001 até 2007, a acção de coordenação da inventariação nas igrejas abrangidas pelo projecto da Arquidiocese contabilizou «2593 peças». Isabel Fernandes destacou que a parceria do museu com o IHAC já vem do passado, sendo que aquele museu prestou assessoria técnica ao Tesouro da Sé de Braga, que considerou «um exemplo para o país», em termos de arrumação e organização do espólio. No que se refere ao trabalho executado nas igrejas vimaranenses, a directora indicou que foi feita a conservação preventiva e acondicionamento dos objectos patrimoniais. Foi depois elaborada uma «exaustiva» ficha de inventariação em base digital. «Por vezes deparamo-nos com pessoas que pensam que será melhor não inventariar uma determinada peça para que nem se saiba que existe», contou Isabel Fernandes, acrescentando que essa é uma atitude errada. «Quem hoje rouba arte, regra geral, sabe o que quer roubar e mais depressa assalta uma igreja que saiba que não dispõe de inventário dos seus bens», frisou a responsável. Isabel Fernandes recebeu uma boa notícia do presidente da autarquia, António Magalhães, que anunciou que a Câmara Municipal poderia assegurar as despesas de um técnico que o museu considerasse necessário e preparado para trabalhar na instituição. Isto para fazer face à falta de recursos humanos do museu.

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