Publicações: Tráfico de Seres Humanos é «fenómeno muito escondido na sociedade portuguesa», diz presidente do Fórum Abel Varzim (c/vídeo)

Nova publicação deixa alertas neste campo

Lisboa, 28 mar 2019 (Ecclesia) – O presidente do Fórum Abel Varzim, que coordenou o novo livro ‘Tráfico de Seres Humanos – Testemunhos e Documentos’ afirma que a publicação “de reflexão” vai informar o que se passa “num fenómeno muito escondido na sociedade portuguesa”.

“Espero que todos nos mobilizemos no sentido de combater este flagelo onde a pessoa humana é espezinhada, onde todos os direitos são esquecidos”, disse António Silva Soares em entrevista à Agência ECCLESIA.

A obra ‘Tráfico de Seres Humanos – Testemunhos e Documentos’ é apresentado às 18h00, no «Espaço Santa Catarina» da Junta de Freguesia da Misericórdia (Calçado do Combro), em Lisboa.

“Tenho muita esperança que ao lermos este livro muitos sejamos motivados para combater e dar o seu contributo”, revela o presidente do Fórum Abel Varzim.

Dividido em duas partes, com testemunhos e documentos da Igreja, a primeira começa com um texto sobre o padre Abel Varzim que «conheceu as prostitutas no “exílio” do bairro alto em meados do século XX» e sua “luta pela dignidade humana” na atualidade.

“É daquelas figuras que não morrem, devem ser eternas no nosso pensamento, na nossa história”, explicou, por sua vez, o jornalista Licínio Lima.

Sobre o sacerdote, nascido em Cristelo (Barcelos) e que no início dos anos 30 vem para Lisboa, destaca que “caiu nas graças de toda a gente”, tendo, no seu percurso, descoberto “o mundo dos trabalhadores, de exploração”.

“Viu que muitos dos patrões era católicos mas os trabalhadores altamente explorados. Começou na luta pela defesa dos trabalhadores”, contextualiza Licínio Lima, lembrando que quando o sacerdote chegou à Paróquia da Encarnação, no Bairro Alto, em 1951, encontrou uma realidade marcada pela prostituição.

Na paróquia lisboeta, o padre Abel Varzim descobriu “mulheres completamente abandonadas”, esquecidas por todos, “incluindo os católicos mais empenhados” e “entrou nessa luta de dar o direito a essas mulheres de se realizarem como pessoas”.

António Soares assinala que no fórum tentam “manter vivo o exemplo, o pensamento” do sacerdote, por isso, “era importante dar alguma continuidade” à defesa das “pessoas que são traficadas”.

O presidente do Fórum Abel Varzim alerta que o tráfico de pessoas “gere dinheiro como o tráfico de armas, como a droga, está nessa ordem de grandezas”.

Esperemos que esta publicação seja lida e refletida por muitos, para que à semelhança do Padre Abel Varzim, se «convertem» e se empenhem na defesa daqueles e daquelas a quem, por dinheiro, é-lhes roubada toda a dignidade de pessoa humana” (Introdução ‘Tráfico de Seres Humanos’)

O jornalista Licínio Lima sublinha que é preciso “estar atento”, o padre Abel Varzim viu a realidade quando “chegou” àquela paróquia e “constatou o que estava a acontecer” e, hoje, as pessoas estão “muito distantes do problema”.

A nova publicação tem a chancela da editorial Cáritas e a sessão de apresentação, a partir das 18h00, conta com os contributos de Carla Madeira, António Silva Soares, irmã Júlia Bacelar e Eugénio Fonseca.

D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, vai fazer uma conferência sobre o livro, para o qual escreveu o prefácio, e o encerramento do encontro pertence ao cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, às 19h30.

Tráfico de Seres Humanos’ resultou de uma parceria com a CAVITP – Comissão de Apoio às Vitimas de Tráfico de Pessoas, dos institutos religiosos portugueses, e a Cáritas Portuguesa.

PR/CB/OC

 

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