Publicações: «Não se mata em nome de Deus», um livro sobre a vida e morte do padre francês Jacques Hamel

Uma história «tudo menos banal», escreve o fundador da Comunidade de Sant’Egídio

Lisboa, 03 jan 2017 (Ecclesia) – A Paulinas Editora publicou o livro ‘Não se mata em nome de Deus!’ sobre o assassínio do padre Jacques Hamel por dois jihadistas em 2016, na França, escrito pelo especialista em Cristianismo Contemporâneo Jan De Volder.

O prefácio é assinado pelo fundador da Comunidade de Sant’Egídio, para quem “se o padre Jacques pereceu assim, foi porque teve uma existência sacerdotal generosa e a continuou até uma idade avançada, 85 anos, sem se aposentar, sem pôr um fim ao seu serviço”.

Andrea Riccardi explica que as “razões que justificam” uma biografia do padre Jacques Hamel são “meditar sobre a constância da sua trajetória entre os homens e tentar compreender a esperança que o habitava”.

O sacerdote octogenário foi morto por fundamentalistas islâmicos que tomaram reféns na igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, próximo de Rouen, norte de França, antes de serem abatidos pelas forças policiais, a 26 de julho de 2016.

Para o ex-ministro italiano, o autor belga consegue que o assassínio do padre Hamel “não seja uma mera notícia” entre outras notícias, “por mais terrível que ela tenha sido” porque recolhe “as «lágrimas» não só de uma morte, mas também de toda uma vida”.

O fundador da Comunidade de Sant’Egídio sublinha que a história do sacerdote francês “é tudo menos banal” porque viveu “para o seu povo, para o Evangelho”, e acreditou na liturgia “ao ponto de a celebrar para um pequeno número de pessoas mas com toda a fé e dignidade requeridas”.

Andrea Riccardi observa que a Igreja Católica na França é “tudo menos uma sobrevivência insignificante” sendo, minoritária num país laico, é, “por vezes, criticada internamente pelos tradicionalistas, como acontece no seio da Cúria Romana”.

“É uma realidade pobre em recursos e em influência política, mas não em significado, e até mesmo para os franceses de outras sensibilidades”, acrescenta o historiador, num texto divulgado pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura da Igreja Católica em Portugal.

‘Não se mata em nome de Deus!’ foi escrito pelo especialista em Cristianismo Contemporâneo, o belga Jan de Volder, e está dividido em cinco capítulos – ‘Uma manhã fatídica’; ‘Sacerdote do Concílio’; ‘Pároco de periferia’; Fiel até ao seu derradeiro suspiro’, ‘Uma emoção planetária’.

Publicado pela Paulinas Editora, o livro inclui a homilia do Papa Francisco na Missa em sufrágio pelo sacerdote francês (14 setembro), a que presidiu no Vaticano, afirmando que “seria bom” que “todas as confissões religiosas” dissessem: “Matar em nome de Deus é satânico!”.

Jan de Volder foi à Diocese de Rouen, no norte de França, e ouviu as vítimas do ataque – paroquianos, funcionários e membros da família do padre Jacques Hamel.

Segundo o autor, “havia uma vontade de falar” sobre o sacerdote, da sua vida, e havia também uma quantidade enorme de perguntas que “surgiam, um desejo de entender”.

“Fiquei chocado como todos, ao conhecer a figura do padre de quem não sabia nada. De início, vi uma figura simpática: um homem apagado, tímido, mas eficaz. E fiquei também impressionado com a reação da Igreja da França, e com a dos muçulmanos”, desenvolveu o especialista belga.

O escritor de ‘Não se mata em nome de Deus!, considera que o padre Jacques Hamel “foi verdadeiramente” o primeiro mártir do século XXI na Europa.

CB/OC

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