Presidente da CEP lembra fome no Natal

Pobreza, consumismo e desemprego são sombras que pairam sobre esta quadra

D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga, denuncia na sua mensagem de Natal “o escândalo da fome” que atinge vários países, incluindo Portugal.

“A vida digna para todos continua a ser uma miragem e torna-se imperioso reconhecer, sem camuflar, a realidade e encontrar respostas adequadas. Ouçamos, por isso, o grito alucinante de muitos vizinhos que continuam a viver sem o indispensável”, apela o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

Além do texto, a mensagem encontra-se disponível em vídeo, no YouTube. Para o Arcebispo de Braga, “o Advento e o Natal obrigam a reconhecer a fraternidade e agir dum modo consequente” e condena a “tentação” de “alhear-se ou esperar que a solução venha de outro lado”.

“O dramatismo das situações não pode esperar. Urge operar com o que se tem e acreditar que a dignidade pode regressar para muitos com o pouco de cada um”.

D. Jorge Ortiga lembra aos crentes “os vizinhos que, na vergonha, não ousam pedir; aos que perderam o emprego e não conseguem enfrentar as exigências familiares; aos pedintes e sem-abrigo que não conhecemos mas que necessitam do calor de um afecto ou de algo para enganar o estômago”.

Para muitos, acrescenta, “ainda acontece o uso exagerado de bens, aos quais se apegam como imprescindíveis. Só a renúncia consciente ao supérfluo permite a partilha e esta realiza milagres desde que efectiva e organizada”.

Suplemento de fraternidade

D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima e vice-presidente da CEP, refere na sua mensagem que o Natal “é uma festa carregada de uma beleza e de uma riqueza humanas inigualáveis”, que “faz parte do património humano”.

O documento apela a um “um suplemento especial de fraternidade e partilha para nos fazer próximos e ajudar as pessoas e famílias em dificuldade; a novos modos de vida marcados por novas formas de solidariedade”.

“Sem fraternidade, solidariedade e sobriedade não haverá futuro”, escreve o Bispo de Leiria-Fátima.

Para este responsável, no “firmamento dos últimos dias deste ano 2009 pairam, sobre o mundo e o nosso país, nuvens negras, densas e ameaçadoras: os reflexos da crise económico-financeira, o desemprego crescente, as novas situações de pobreza, o cancro tentacular da corrupção, a quebra de confiança na justiça, a gripe A, as alterações climáticas que ameaçam o nosso planeta”.

“Neste contexto, a mensagem de fraternidade e de paz que Cristo traz ao mundo chama-nos a viver um Natal diferente”, aponta.

Viver a festa

Em Viseu, D. Ilídio Leandro falou do Natal como “um direito de todos e uma prenda de Jesus para todos – é a prenda e a Festa para os que acreditam em Jesus, para os que o acolhem no coração e o levam àqueles que o ignoram”.

“O Natal de Jesus não pode ser escondido nem privatizado nem pode ser apenas para alguns”, defendeu o prelado.

O Bispo de Viseu apresenta o Natal como “a Festa, sobretudo, de Jesus que nasceu para todos e a Festa de todos os que o deixam nascer no coração, na vida, na família, na escola, no trabalho, na sociedade”.

“Nascendo Jesus em todas as pessoas, realidades e instituições, nasce o Seu projecto de Solidariedade, de Paz, de Justiça, de Verdade, de Vida, de Amor… Nasce Alegria e Esperança para todos”, precisa.

Já o Bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Januário Torgal Ferreira, considera que o “clima mundano, tão presente nesta época singular, é um desvio do Acontecimento fundamental, ao qual correspondem, felizmente, o júbilo simples dos crentes e de tantos promotores da grandeza humana”.

Para este responsável, é essencial que o “mundo do trabalho” saiba “exigir sempre o cumprimento da justiça, praticando a realidade do emprego, da formação profissional, da devida retribuição, do prosseguimento por mérito, da conveniência fraterna”.

Na celebração desta festa, D. Januário apela à “humanidade de procedimento”, à “defesa dos direitos e deveres” e ao “respeito pelo ambiente”, como “expressões de uma sociedade democrática, a qual se manifesta por actos e nunca pela infidelidade a seus ditames”.

“O Natal é uma chamada optimista a razões de viver. É apelo em favor de quem foi excluído do sentido da dignidade e do lugar que lhe pertencia”, aponta.

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