Portugal: Saúde mental é «parente pobre» alerta responsável da Ordem Hospitaleira

Trabalho da Ordem Hospitaleira de São João de Deus distinguido hoje pelo Parlamento Europeu

Lisboa, 25 fev 2015 (Ecclesia) – O responsável da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus destaca a importância do “reconhecimento” pela sociedade civil ao Prémio «Cidadão Europeu 2014» e alerta que a saúde mental é o “parente pobre” nacional porque “não enche urgências”.

“Há realmente promessas de que este ano vão aplicar as medidas políticas ao nível dos cuidados continuados em saúde mental preconizadas desde 2010. A saúde mental tem sido o parente pobre da saúde em Portugal como não enche urgências de hospitais”, contextualiza o irmão Vítor Lameiras.

À Agência ECCLESIA, o provincial da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus (OHSJD) em Portugal revela que não têm o “aumento de diárias há vários anos” e alertou que a saúde mental, “sobretudo a depressão”, vai ser a “segunda causa de incapacidade a nível mundial”.

Neste contexto, o irmão Vítor Lameiras considera que os hospitais públicos não estão preparados para as diversas problemáticas que afetam a saúde mental porque “não contam” com a ordem hospitaleira como parceiros

“Olham-nos como alguém que está na retaguarda para quando é preciso. Se tivéssemos a atuar como parceria podíamos dar uma maior ajuda na assistência que se presta em Portugal”, observa o religioso.

A situação de crise económica, e consequentemente social em Portugal, faz com que a saúde mental não melhore mas agrave porque existem “repercussões” na forma como as pessoas vivem e tratam da sua saúde, “afeta sobretudo o equilíbrio psicológico e emocional”.

A ordem hospitaleira continua a ser “muito procurada” nos cuidados a longo prazo, “porque há poucas respostas a esse nível” comenta o responsável, nquanto que e as situações de curto prazo, os atendimentos agudos, são encaminhadas para os hospitais pela política nacional de saúde.

“A forma como está organizada a rede provocou um estrangulamento do que eram os encaminhamentos que nos faziam. Estamos muito dependentes dos hospitais gerais de encaminharem pacientes e depois fazerem os pagamentos”, desenvolve.

O provincial da OHSJD acredita que vão haver “mais problemas” mas espera que “realmente se faça prevenção” da saúde mental e de melhoramento do que “já está preconizado em termos legislativos”.

“Em tempos de crise se os hospitais têm estrangulações financeiras encaminham menos para pagar menos, não significa que não existam problemas”, alerta.

A Ordem Hospitaleira de S. João de Deus é distinguida hoje com o prémio “Cidadão Europeu 2014” em Bruxelas.

O prémio atribuído pelo Parlamento Europeu é resultado da candidatura apresentada pelo eurodeputado espanhol do Partido Popular, Gabriel Mato.

“Tem importância a nível do reconhecimento pela sociedade civil do que a ordem já faz em especial por ser um prémio europeu”, comenta o provincial português que destaca a “alegria e o orgulho” da candidatura espanhola.

Para o interlocutor a Ordem que assiste os mais desfavorecidos vai estar “mais em foco em termos sociais” e o prémio traz ainda mais “exigência” para continuarem a “caminhar com qualidade” no serviço que prestam à sociedade.

Em 2014, o prémio foi atribuído a 47 instituições e personalidades da União Europeia e recompensa “atividades excecionais” que promovam “uma maior integração dos cidadãos europeus, cooperação, reforço do espírito europeu e no âmbito dos valores consagrados na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia”.

O fundador da ordem, João Cidade, nasceu em Montemor-o-Novo no ano de 1495; a Província Portuguesa é constituída por oito centros nacionais, quatro no Brasil e um em Timor-Leste.

CB

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