Portugal: Respostas à crise dependem da «melhoria» do Estado Social

Semana Social, a decorrer no Porto até domingo, quer ser uma pedra no charco que desmonta esquemas e lança alertas

Porto, 23 nov 2012 (Ecclesia) – O sucesso da resposta à crise depende da “articulação entre a melhoria do Estado Social e a participação ativa da sociedade” defendeu-se, hoje, no Porto, na Semana Social, assim como uma maior disciplina financeira e orçamental.

Com o tema «Estado Social e Sociedade Solidária», na Semana Social que decorre na cidade portuense até domingo, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral e Mobilidade Humana, D. Jorge Ortiga, considerou que “não se ofende ninguém, reconhecer que a política está a viver um momento de profunda desorientação”.

Na conferência que proferiu, D. Jorge Ortiga sublinhou que é fundamental “encontrar uma luz no fundo do túnel” e que a crise obriga a uma recentralização na pessoa “para reiniciar um período novo na história”.

Por sua vez, o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, referiu que o Estado social representa um “ganho indispensável” para qualquer sociedade justa, mas sofre de “inegáveis abalos”, e estes devem-se ao “enfraquecimento da base económica e financeira que o sustentou”.

O Estado deve promover uma “melhor justiça social”, se tal não acontecer, “não serve para nada” realçou o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), padre Lino Maia,

Para D. Jorge Ortiga, esta semana social – conta com mais de 300 participantes – deveria ser uma “pedra no charco que desmonta esquemas e lança alertas” não só na linha dos “fenómenos a descrever, mas na exigência de percorrer os caminhos das causas desta situação para chegar a soluções concretas a pedir a todos”.

Em assuntos de proteção social, promoção da saúde e educação, “a Igreja tem experiência, autoridade e história – o Estado é um novato que, por vezes, aparece «desajeitadamente»”, referiu o padre Lino Maia.

Na declaração aos jornalistas, durante a Semana Social, Guilherme d’ Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas, referiu que este agravamento social, que se assistiu nos últimos anos, se deve a “uma certa prevalência da ilusão contabilística”.

Para o presidente do Tribunal de Contas, “ninguém pode ficar preservado dos direitos fundamentais e da dignidade” por isso urge “romper o ciclo vicioso que entende a desigualdade como fatalismo e a pobreza como inevitável”.

Neste contexto, acentuou Guilherme d’ Oliveira Martins, impõe-se considerar “o lugar das famílias e das redes de proximidade”, designadamente “quanto aos novos desafios de envelhecimento e da solidão”.

“Nada disto se consegue sem ativação política, que não desista do debate e da inclusão de todos as pessoas e corpos sociais e culturais que, em conjunto, procuram e acrescentam o bem comum, de todos para todos”, reforçou o vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.

Com o intuito de tornar “plausível e exequível” uma sociedade solidária, D. Jorge Ortiga frisou que “juntar Estado social e sociedade solidária não será mera questão de um título académico para um conjunto de intervenções”.

As semanas sociais são promovidas de três em três anos pela Conferência Episcopal Portuguesa, com a coordenação de um grupo presidido por Guilherme d’ Oliveira Martins, e composto, entre outros por Alfredo Bruto da Costa, Eugénio Fonseca, padre José Manuel Pereira de Almeida e Joaquim Azevedo.

LFS

 

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