Velas nas janelas e manifestações de rua são soluções encontradas em tempo de pandemia
Lisboa, 13 mai 2020 (Ecclesia) – As paróquias católicas em Portugal, nas diversas dioceses do continente e arquipélagos, estão a dinamizar celebrações nas ruas com a imagem de Nossa Senhora de Fátima para assinalar o mês mariano de maio e, em particular os dias 12 e 13.
“A maior experiência de fé que vi foi ontem, no dia 12, uma vez que o Santuário de Fátima desafiou todas as pessoas a acenderem uma vela nas suas casas, nas suas janelas. Na Paróquia de Pinhal de Frades notei esta manifestação de fé em muitos lugares, é bom e é de louvar esse incentivo, e pude testemunhá-lo, algo que estou à espera quem sabe possa acontecer hoje em Fernão Ferro”, disse o padre Rui Simão em declarações à Agência ECCLESIA.
Habitualmente, as Paróquias de Fernão Ferro e de Pinhal de Frades, na Diocese de Setúbal, têm procissões marianas nos dias 12 e 31 de maio, mas este ano estão a dinamizar mais percursos, nomeadamente aos domingos, com o convite à oração do terço, entre as 21h00 e as 22h00.
“Há muito este desejo de sentir esta proximidade de Nossa Senhora através deste evento. São sete dias em que Nossa Senhora está a ir não apenas aquilo que eram os trajetos habituais, mas às periferias para conseguir chegar à maior parte das pessoas”, explicou o padre Rui Simão, lembrando que no domingo de Páscoa percorreram as ruas das duas paróquias “com uma cruz florida” e esta iniciativa mariana surgiu dessa adesão.
O pároco de Fernão Ferro e de Pinhal de Frades assinala que é vasto o território destas comunidades católicas e “seria só um gesto simbólico” se levassem Nossa Senhora por algumas ruas apenas nos dias 12 e 13 de maio.
Segundo o sacerdote, as paróquias divulgam na rede social Facebook o nome das ruas por onde vão passar em cada domingo, “com dois dias de antecedência”, e tem assistido “a duas dimensões”, por um lado “tristeza”, porque ‘passou na rua ao lado e não veio até à minha’, e por outro lado “alguns paroquianos e outros que seguem a página escrevem as suas moradas para, se for possível, se faça um desvio”.
Na Diocese do Funchal, o cónego Rui Pontes hoje vai percorrer com a imagem de Nossa Senhora de Fátima lagumas ruas da Paróquia do Caniço, a partir das 20h30, depois de nesta terça-feira ter estado na Paróquia das Eiras.
“Não podemos fazer ajuntamentos e lembrando o 12 e 13 de maio é uma referência para a comunidade cristã, este amor a Maria, optamos esta forma de fazer chegar Nossa Senhora até a casa de todos”, explicou à Agência ECCLESIA.
Numa referência também ao santuário da Cova da Iria, o cónego Rui Pontes realça que são “peregrinos de coração” e se muitas vezes são as pessoas e fiéis convidados a ir à comunidade cristã, este ano, por causa da pandemia de Covid-19 optaram por fazer este percurso passando com Nossa Senhora pela comunidade.
“Pedimos que as pessoas interagissem, que enviassem fotos de suas casas, do ambiente familiar, e muita foi a participação, muita interação da comunidade, surpreendeu-me. As pessoas tiveram alegria, jubilo, muita emoção, vi muita gente, idosos e muitos jovens a terem oportunidade de estarem, olhar para Maria e sentirem esta proximidade, uma mãe que acompanha, que protege e não nos desampara”, desenvolveu o pároco do Caniço e das Eiras, no Arquipélago da Madeira.
Na Diocese do Algarve, o padre Pedro Manuel percorreu com a imagem de Nossa Senhora de Fátima algumas das principais ruas das Paróquias de Ferreiras, Boliqueime e Paderne na noite desta terça-feira.
“Vivemos todos uma noite extraordinária, porque foram praticamente três horas em que a imagem de Nossa Senhora passou pelas três paróquias, pelos sítios onde passaria habitualmente se houvesse procissão e por muito outros mais recônditos onde não passaria porque a procissão limita a passagem. Passamos com a imagem por todos os lugares da paróquia”, lembrou o pároco em declarações à Agência ECCLESIA.
O padre Pedro Manuel explicou que as três comunidades – Ferreiras, Boliqueime e Paderne – vivem o mês de maio “de uma forma muito intensa habitualmente”, e “há sempre manifestações públicas de procissões a Nossa Senhora”, nas noites de 12, de 13 e 31 de maio, que costumam ser “muito agregadoras, seja pela devoção mariana do povo, seja pela devoção mariana em relação a Fátima em particular”.
“Foi muito bonito e foi muito surpreendente ver luzes e velas ao longo de muitos quilómetros e ao longo de três horas praticamente onde Nossa Senhora ia passar havia sempre esse marcador e essa sinalização”, acrescentou, salientando que as pessoas estavam às janelas, nas varandas ou à porta de casa “evitando qualquer tipo de aglomeração”, e “muitas tinham pétalas de rosa para atirar, como acontece nas procissões, havia colchas, mesas preparadas com pequeninos oratórios”.
A passagem de Nossa Senhora pelas Paróquias de Ferreiras, Boliqueime e Paderne, na Diocese do Algarve, foi também transmitida online, “sempre em direto com várias centenas de pessoas”, e para o padre Pedro Manuel o “mais importante” é perceber que a Igreja Católica “com a força do Espírito Santo encontra oportunidade de se reinventar e chegar a todos mesmo quando fisicamente não podem chegar a ninguém”.
A peregrinação internacional de 12 e 13 de maio ao Santuário de Fátima este ano foi vivida sem peregrinos, por causa da pandemia do coronavírus Covid-19, mas com diversos gestos, mensagens e uma carta do Papa Francisco.
CB/OC