Fátima: Mil velas e lava-pés simbólico a peregrinos numa celebração inédita (c/vídeo e fotos)

Vigília da peregrinação de maio teve dezenas de participantes, com orações pelas vítimas da pandemia e um incidente de segurança

Fátima, 12 mai 2020 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima acolheu esta noite a abertura da peregrinação do 13 de maio, com o recinto fechado e sem peregrinos, numa celebração inédita, devido à pandemia de Covid-19, evocando as vítimas da doença e os profissionais de saúde.

Depois do toque festivo dos sinos, a celebração começou junto à Capelinha das Aparições, com a presença do bispo diocesano, D. António Marto, e os responsáveis pelas três províncias eclesiásticas de Portugal, em representação das 21 dioceses católicas do país – D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga; D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa; D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora – juntamente com os capelães do Santuário de Fátima e um coro de 10 elementos, acompanhado por dois organistas.

O andor e a cruz luminosa foram transportados por vigilantes do Santuário, através de um recinto iluminado por mil velas, distribuídas pelo local ao longo da tarde, evocando os peregrinos e também os que faleceram por causa da pandemia.

Simbolicamente, 21 leigos levaram uma vela na mão, em representação das dioceses de Portugal, durante a procissão para o altar do Recinto, onde foi colocado o andor com a Imagem de Nossa Senhora de Fátima.

Diante do altar foram colocadas 28 cadeiras e três bancos, em lugar de destaque, ficando os outros participantes no rosário na colunata norte, passando por detrás da azinheira grande.

Após a homilia, D. António Marto desceu as escadarias para um lava-pés simbólico a três peregrinos – João, Ricardo e Irene – convidados para representar todos os que, ano após ano, percorrem a estrada rumo à Cova da Iria.

Durante a celebração da vigília, com transmissão televisiva e online, os participantes rezaram pelos peregrinos de Fátima, que “neste ano peregrinam à Cova da Iria através do seu coração”.

A oração estendeu-se a todos os doentes afetados pela pandemia de Covid-19 e pelos profissionais de saúde e voluntários, que cuidam deles.

O Santuário convidou os católicos portugueses a acender uma vela nas suas casas, esta noite, para acompanhar o início dos momentos celebrativos que evocam as primeiras aparições de 1917.

Durante o Rosário, esta noite, foram evocados os Santos Francisco e Jacinta Marto, “vítimas de uma pandemia”, a gripe espanhola, há 100 anos.

No dia 13, a oração do Rosário começa às 09h00, na Capelinha das Aparições; às 10h00 será celebrada a Missa da Solenidade de Nossa Senhora de Fátima, presidida pelo cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, seguida da Procissão do Adeus.

O Recinto de Oração está encerrado entre a tarde de hoje e o final da manhã desta quarta-feira, devido às regras sanitárias definidas pelo Governo no contexto da declaração do estado de calamidade pública, em articulação com a Conferência Episcopal Portuguesa.

Antes da celebração desta noite, verificou-se um incidente com um homem que tentou chegar até à Capelinha das Aparições, saltando as grades e barreiras que impediam o acesso ao recinto, no túnel norte, e desobedecendo às indicações dos vigilantes do Santuário, o qual acabaria por ser travado e retirado pela GNR, tendo ficado à sua guarda; outra mulher entrou no espaço atrás dele, segundo a diretora do Gabinete de Comunicação do Santuário de Fátima, Carmo Rodeia, estando também à guarda da GNR.

As pessoas iam acompanhadas por uma imagem de Nossa Senhora de Fátima e um crucifixo, tendo tentado, durante a tarde, entrar no recinto pela entrada sul, sem sucesso.

Segundo Carmo Rodeia, o homem é presença habitual na Cova da Iria, com uma atitude “socialmente mais exaltada”.

OC

Foto: Arlindo Homem/Ecclesia

Ricardo Pereira, funcionário do Museu de Fátima, foi um representantes dos peregrinos no lava-pés e disse à Agência ECCLESIA que este momento foi um “privilégio enorme, quase inexplicável”, representando “uma emoção muito forte”.

Morador numa localidade próxima, a cerca de 12 quilómetros da Cova da Iria, costuma peregrinar sozinho, com “mais calma”, fugido à habitual azáfama, que desapareceu do Santuário, nos últimos meses.

“Acima de tudo, é estranho estarmos nesta situação”, conclui.

 

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