Arquiteto, vencedor do prémio «Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes» 2012, foi recordado em Fátima na Jornada Pastoral da Cultura
Fátima, Santarém, 22 jun 2012 (Ecclesia) – O padre Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), elogiou hoje em Fátima a conjugação “exemplar” de “humanismo cristão” na figura do arquiteto Nuno Teotónio Pereira, vencedor do prémio ‘Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes’.
A distinção, outorgada pelo SNPC, homenageia uma “figura histórica da arquitetura portuguesa do século XX, com obras emblemáticas”, que conta com “algumas igrejas na sua obra criativa”, destacou o sacerdote e poeta madeirense.
Este responsável falava durante a 8.ª Jornada da Pastoral da Cultura, promovida pela Igreja Católica, sobre o tema ‘Há uma alegria e uma esperança para nós – O diálogo com a cultura no espírito do Concílio’, frase retirada da Constituição Pastoral ‘Gaudium et Spes’ [(GS) Alegria e esperança, em português], aprovada no Concílio Vaticano II (1962-1965).
Para Tolentino Mendonça, o arquiteto Teotónio Pereira, de 90 anos, construiu “outras igrejas” para lá dos templos, com especial destaque para a “preocupação pelo direito à habitação, pela habitação social”.
O diretor do SNCP destacou o “sentido muito humano de serviço social, que a arquitetura também deve ser”.
Teotónio Pereira, acrescentou, teve uma “intensidade e originalidade que marcam o século XX”.
Ainda sobre o distinguido na oitava edição do prémio ‘Árvore da Vida’, o padre Tolentino Mendonça recordou a participação no Movimento de Renovação da Arte Religiosa (MRAR), que viria a fazer em Portugal a “receção do espírito do Concílio Vaticano II”, concretizando, por exemplo, a renovação litúrgica.
“É de toda a justiça lembrar o papel dos leigos na receção do Concílio, nomeadamente dos artistas, dos criadores”, que tiveram um “papel muito grande de mediação neste momento primaveril que a Igreja experimentou”, disse o diretor do SNPC.
A entrega do prémio ‘Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes’ ao arquiteto Nuno Teotónio Pereira, inicialmente prevista para hoje, foi transferida para uma sessão especial em Lisboa, em data a anunciar, devido ao seu estado de saúde.
Os cerca de 130 participantes na Jornada da Pastoral da Cultura ouviram ainda o padre Tolentino Mendonça falar do ‘Átrio dos gentios’, projeto para o diálogo entre crentes e não-crentes promovido pelo Conselho Pontifício da Cultura (CPC), organismo da Santa Sé, como um desafio para todos.
“Importa dizer que Deus permanece em aberto”, continuando a ser “uma questão essencial da existência”, sublinhou.
O poeta admitiu que a gramática católica “acaba por servir aos crentes”, esquecendo os percursos “fora dos espaços tradicionais das crenças”.
o ‘Atrio dos Gentios’ vai chegar a Braga e Guimarães nos dias 16 e 17 de novembro deste ano.
OC