«Já fomos extintos duas vezes, somos uma espécie que tem sobrevivido e esperamos sobreviver no futuro» – Padre Nélio Pita
Lisboa, 14 mai 2020 (Ecclesia) – O padre Nélio Pita, superior da Congregação da Missão (Padres Vicentinos) em Portugal, desde a Páscoa, dia 12 de abril, afirma que “fidelidade, renovação e compromisso” são “três objetivos fundamentais” do projeto provincial.
“Tenho pensado muitas vezes que o Senhor apenas pede-me para fazer o que é possível, a parte do impossível ele faz e faz muito bem, ele não falha”, refere o religioso, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).
O superior dos Padres Vicentinos em Portugal explica que esteve reunido com os nove conselheiros da província a trabalhar num novo projeto que tem “três objetivos fundamentais: Fidelidade, renovação e compromisso”.
Sobre a fidelidade, o padre Nélio Pita assinala que precisam de “revisitar continuamente os textos fundadores” para que as respostas da congregação religiosa “hoje estejam moldadas por esta visão” e “missão” é uma palavra-chave da identidade destes sacerdotes.
“Não pretendemos ser uma boa ONG, queremos ser os Padres da Missão”, realçou, sublinhando que a missão atualmente assume diferentes formatos, “não apenas a tradicional missão popular mas tem formato, por exemplo, que na Igreja portuguesa tem muito êxito com os jovens”.
Em Portugal, a Congregação da Missão é “um grupo pequeno”, composta por 30 pessoas onde “a média de idades deve rondar os 70 anos”, mas a “renovação” pretendida “não é apenas” dos padres Vicentinos mas “também promover a renovação daqueles que são os membros da Família Vicentina”.
A Família Vicentina, contextualiza o padre Nélio Pita, para além dos sacerdotes é composta pelas Filhas da Caridade, e são “mais 100” religiosas, as Conferências de São Vicente de Paulo, “que são cerca de 10 mil pessoas”, e ainda a Juventude Mariana Vicentina, os jovens vicentinos, que são “cerca de cinco centenas”.
“Todos somos uma espécie de braços que estão mobilizados para a mesma causa, a assistência aos irmãos, a assistência espiritual e a assistência material, e não ficando ao nível do assistencialismo mas também na promoção do homem”, desenvolveu.
Já o “compromisso” da Congregação da Missão é com a “Igreja local” e com a “missão ad gentes” e nos próximos três anos pretendem “não apenas apoiar Moçambique mas também dar uma colaboração” aos sacerdotes da congregação em Angola, onde começam “a dar os primeiros passos”.
A Congregação da Missão nasceu no século XVII, por São Vicente de Paulo que procurou dar uma resposta muito concreta às necessidades dos homens e das mulheres do seu tempo.
“Percebeu que a grande maioria que vivia nas zonas rurais tinha não apenas fome, não apenas eram pessoas abandonadas, descuidadas, negligenciadas pelos poderes públicos, mas também tinham fome de Deus”, explicou o padre Nélio Pita.
Os Padres Vicentinos celebraram o jubileu dos 400 anos da sua fundação e 300 anos de presença em Portugal, onde têm oito comunidades, em 2017.
“Já fomos extintos duas vezes, somos uma espécie que tem sobrevivido e esperamos sobreviver no futuro”, lembrou o sacerdote.
O padre Nélio Pita lembra que recebeu um telefonema do superior-geral a pedir para assumir a responsabilidade da Província Portuguesa da Congregação da Missão (Padres Vicentinos) na quarta-feira da Semana Santa, aceitou no dia seguinte, e tomou posse no Domingo de Páscoa, dia 12 de abril, em Lisboa.
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Vida Consagrada: Padre Nélio Pita eleito provincial da Congregação da Missão em Portugal