Padre Abel Canavarro sublinha necessidade de «tornar a Teologia mais acessível»
Porto, 07 fev 2020 (Ecclesia) – O diretor-adjunto da Faculdade de Teologia (FT) da Universidade Católica Portuguesa (UCP) disse hoje que, em tempos de secularização, a “reflexão sobre a problemática de Deus não se pode dissociar da realidade” onde se encontra.
“A Teologia tem de ser esta resposta que vamos dando, seja através da formação do clero e dos seminaristas, que aqui encontram espaço de formação, seja dos leigos, procurarmos responder a este contexto que é bastante de secularização”, afirmou o padre António Canavarro, esta manhã, em declarações à Agência ECCLESIA.
O sacerdote contextualizou que no Campus do Porto da UCP, “cada vez mais”, aparecem alunos “sem grandes referências cristãs” e, às vezes, “são muito ténues e alguns bastante distorcidos”, e alguns ritos de iniciação cristã “mais parecem ritos de superstição cristã”.
“Vemos que precisamos de tornar a Teologia mais acessível e contribuirmos para que as pessoas sintam a necessidade de formar-se na fé, não é só uma fé rezada mas compreendida ao nível da reflexão”, desenvolveu.
‘A Iniciação Cristã em Tempos de Secularização’ foi o tema das Jornadas de Teologia 2020, que se realizaram esta semana, entre segunda e quinta-feira, organizadas pelo núcleo do Porto da Faculdade de Teologia, em colaboração com a Diocese do Porto e a Irmandade dos Clérigos.
Dos oradores, o padre Abel Canavarro destacou a presença do cardeal de Génova, que é o presidente do Conselho das Conferências Episcopais da Europa, que falou sobre ‘A iniciação cristã no contexto da secularização’ e ‘Que percursos para a fé hoje?’.
O diretor adjunto da FT-Porto lembra que D. Angelo Bagnasco fez uma aproximação ao contexto que se vive, “já não é um tempo de cristandade”, e referiu-se aos processos iniciáticos da fé que “vão perdendo o seu sentido e significado”.
Segundo o sacerdote, a instituição “não se impõe pelo número de alunos, são cerca de 160 alunos”, mas “pela qualidade e pelo testemunho” dos que a frequentam e pela participação e colaboração dos seus professores nas outras faculdades, como Direito, Economia e Gestão, a Escola de Educação e Psicologia, a Escola da Saúde – e “os alunos até escutam com atenção”.
Neste contexto, realça que “estão a aparecer reformados, pessoas que se preocupam na sua própria formação” no Curso de Teologia, onde a maioria dos estudantes “são seminaristas” das Dioceses do Porto, de Vila Real, de Coimbra e de congregações religiosas, como no Curso Ciências Religiosas, que se destina “mais para agentes de pastoral qualificados” como os professores de EMRC – Educação Moral e Religiosa Católica.
O padre Abel Canavarro assinala que “há aproximação e há ainda algum distanciamento” entre as comunidades e a Faculdade de Teologia que se vai “fazendo próxima” e refere que desde 2018 organizam a “iniciativa interessante” de convidar os párocos a visitar a Universidade Católica, para além do ‘Open Day’, este ano no dia 19 de fevereiro.
“Gostaria que houvesse mais empenho entre a faculdade e as comunidades e as dioceses. É importante este aspeto e esta faceta da pastoral que precisa de maior formação, hoje não basta o dizer, é preciso também saber o que se diz, como se diz, e como se vive e é importante”, referiu o diretor-adjunto da FT, do Centro Regional do Porto.
A Universidade Católica Portuguesa está a comemorar hoje o seu Dia Nacional, com o lema ‘A Universidade como protagonista do futuro’, com uma sessão solene no Auditório Ilídio Pinho do Centro Regional do Porto, com a presença do bispo diocesano, D. Manuel Linda, e do presidente da República Portuguesa.
A UCP tem quatro centros – Lisboa (sede), Porto, Braga e Viseu; criada em 1967, é reconhecida pelo Estado como instituição universitária livre, autónoma e de utilidade pública.
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