Pobreza: «Todos nós podemos fazer alguma coisa pela diferença», defende presidente da Cáritas Portuguesa (c/ vídeo)

Dia Mundial dos Pobres é assinalado no dia 19 de novembro, penúltimo domingo do ano litúrgico

Foto: Vatican Media

Lisboa, 13 nov 2023 (Ecclesia) – A presidente da Cáritas Portuguesa afirmou que o Dia Mundial dos Pobres, que se assinala este ano a 19 de novembro, deve ser vivido com “esperança”, apelando ao envolvimento de todos para “sacudir a indiferença” face aos mais frágeis.

“Eu sinto as pessoas desalentadas e eu acho que este dia não pode ser marcado com o desalento”, disse Rita Valadas, em entrevista à ECCLESIA, transmitida hoje na RTP2.

Para a presidente da organização, numa altura em que se vivem “tempos muito difíceis”, de fragilidades económicas, juntar a falta de esperança à equação é “o pior inimigo” do envolvimento que se pretende.

“Nós todos podemos fazer alguma coisa pela diferença. Nós todos podemos olhar para perto de nós e vermos como é que podemos fazer a diferença discreta. E, por isso, o desalento é a pior coisa que pode acontecer”, sublinhou.

‘Não desvieis o olhar dos pobres’ (Tb 4,7) é o lema da sétima edição do “Dia Mundial dos Pobres”, celebrada no próximo domingo, data em que o Papa Francisco vai presidir a uma missa em comemoração do dia, almoçando depois com um grupo de pessoas necessitadas, no auditório Paulo VI, no Vaticano.

“O Papa tem vindo a falar muito sobre a transparência dos pobres que tem a ver com a questão do olhar e do ver. E agora há qualquer coisa mais física que é não podes só olhar, passar e ver. Tens de sacudir a tua indiferença e participar e tomar iniciativas que confirmem que os pobres estão entre nós. E nós somos responsáveis também por melhorar a vida dessas pessoas a todos os níveis, desde a nossa intervenção pessoal até à legislação e ao compromisso político”, alertou Rita Valadas.

Na mensagem para este dia, publicada no dia 13 de junho, Francisco advertiu que é “muito fácil cair na retórica quando se fala dos pobres”.

“Tentação insidiosa é também parar nas estatísticas e nos números. Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles”, escreveu.

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Para a presidente da Cáritas Portuguesa, é “indispensável” a participação das pessoas em situação de pobreza na resolução do próprio problema.

“Não chega só nós do alto da nossa mesa, da nossa cadeira, orarmos para os pobres como fossem os outros e não fossem parte integrante da nossa sociedade e dos tesouros que nós temos também por lá. E temos de os envolver para que eles se sintam parte do seu projeto de vida e não uma consequência do pensamento de outra pessoa qualquer”, apontou.

Na partilha do Papa Francisco, é salientado também que “delegar a outros é fácil; oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso; envolver-se pessoalmente é a vocação de todo o cristão”.

Sobre este ponto Rita Valadas defende: “Temos de saber com que é que podemos contribuir e não reduzir isso a dinheiro. A Cáritas tenta fazer isso, fazendo o trabalho mais próximo possível, porque esse envolvimento é o reconhecimento do papel que a proximidade tem na resolução da vida dos mais próximos”.

A presidente da Cáritas Portuguesa entende que não se podem aceitar justificações para não participar na melhoria de vida dos mais frágeis.

“Nós somos todos convocados para o fazer […] e temos de o fazer com os dons que nos estão emprestados em vida”, referiu

Segundo a responsável, a organização encontra-se neste momento a trabalhar com a rede Cáritas em Portugal com comunidades de prática para “os problemas mais gritantes” como as migrações, os idosos e a empregabilidade.

“Uma coisa que a Cáritas pode vir a melhorar é essa leitura da realidade, mas, claro, com a ajuda de pessoas que estão fora da ação. É mais fácil nós termos uma leitura mais limpa e também sabermos encontrar melhores soluções”, concluiu.

HM/LJ/OC

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