Paz: Papa Francisco pediu compromisso inter-religioso pelas vítimas da violência

Pedido que encontra eco noutras Igrejas cristãs em Portugal.

Lisboa, 29 dez 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco apela a um compromisso inter-religioso, com rejeição do terrorismo fundamentalista, na mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2017, pedido que encontra eco noutras Igrejas cristãs em Portugal.

“Esse apelo do Papa é dirigido a todos os homens e mulheres, transcende a Igreja católica e é para toda a humanidade. Percebemos que só pode ser vivido, efetivamente construído dando as mãos com a outras tradições, culturas e também religiões”, afirmou Jorge Pina Cabral da Igreja Lusitana (Comunhão Anglicana).

À Agência ECCLESIA, o bispo explica que devem ser feitas “opções concretas de não-violência” que, “hoje”, é não pegar em armas, “não dar brinquedos de Natal de guerra às crianças” e saber “pugnar pela defesa da própria criação”.

“É uma cultura de reconciliação. Juntamente com a não-violência podemos perceber este apelo à reconciliação connosco, com os outros e com a criação”, desenvolve.

O bispo Pina Cabral refere que a questão da não-violência é “muito bonita” e destaca a importância da educação para uma cultura “muito profunda que tem de ser instruída”, como aconteceu na sua juventude quando se apresentou como “objetor de consciência”, ou seja, não fez o serviço militar mas serviço cívico porque foi desafiado “para uma cultura da não-violência”.

“Este apelo do Papa é naturalmente um apelo a mudarmos o nosso estilo de vida. O nosso modo de pensar, de aprofundarmos uma consciência que quotidianamente tem de passar por opções muito concreta”, sublinha o responsável da Igreja Lusitana.

O Papa Francisco, na sua mensagem para o dia 1 de janeiro de 2017, destaca vários exemplos de não-violência como Santa Teresa de Calcutá, canonizada em setembro, e ainda na Índia os “sucessos alcançados” por Mahatma Gandhi e Khan Abdul Ghaffar Khan, ou Martin Luther King Jr e a sua ação “contra a discriminação racial”.

João Manuel Pereira, da Igreja Presbiteriana de Portugal, considera que “é importante” ter essas referências que marca, “que são líderes que desafiam”.

À Agência ECCLESIA, o pastor presbiteriano destacou também que é “muito importante” ver o que acontece na realidade de cada um e “estar atento às pessoas anónimas”, desde a própria família à que estão próximas, na faculdade e “na Igreja do lado”.

“São os que se separam para Deus e Deus separa para o seu serviço”, observa.

“Pequenas pessoas que vivem com a mesma entrega, com a mesma convicção, a mesma comunhão com os outros e por isso com Deus. E essas são os grandes sinais que temos de estar atentos”, realça o pastor João Manuel Pereira.

A não-violência: estilo de uma política para a paz’, é o título da mensagem do Papa Francisco para o cinquentenário do Dia Mundial da Paz, celebrado a 1 de janeiro de 2017.

“Compromisso a favor das vítimas da injustiça e da violência não é um património exclusivo da Igreja Católica, mas pertence a muitas tradições religiosas, para quem ‘a compaixão e a não-violência são essenciais e indicam o caminho da vida’”, escreveu.

A data foi instituída pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e a mensagem que o pontífice escreve é enviada aos Ministérios dos Negócios Estrangeiros de todo o mundo.

SN/CB/OC

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