D. António Couto considera que a incredulidade dos apóstolos revela que a fé no ressuscidado «não foi inventada»
Lamego, 28 mar 2015 (Ecclesia) – O bispo de Lamego afirmou na homilia da Missa da Vigília Pascal que os textos do Evangelho mostram que a ressurreição é uma “notícia” e a fé no ressuscitado “não foi inventada”.
“É tal o fulgor da Luz deste mistério, que ficará sempre no domínio do inefável, que simultaneamente ilumina e esconde. É por isso que a Paixão é um relato, mas a Ressurreição, que põe fim ao relato, só nos pode chegar como Notícia, vinda de fora, como a Aurora”, afirmou D. António Couto na sé
Para o bispo de Lamego, o facto do Evangelho referir o nome de três mulheres, Maria Madalena, Joana e Maria de Tiago, realça que “o testemunho não é anónimo e desprovido de valor”.
D. António Couto notou também que as três mulheres e “outras com elas” comunicavam “repetidamente” a notícia da ressurreição aos apóstolos, mas eles “não lhes deram crédito, considerando aquelas palavras como uma léria (lêros) (Lucas 24,10-11), isto é, tratava-se só de palavras, sem nenhum facto que lhes correspondesse”.
“Esta anotação da incredulidade mostra que os apóstolos não eram ingénuos e que a fé na Ressurreição de Jesus não foi inventada”, sublinha o bispo de Lamego.
D. António Couto anota também o comportamento de Pedro, que “se levantou, correu ao sepulcro, inclinou-se, viu só as faixas, e voltou maravilhando-se”.
“Note-se que, em mundo judaico, «correr» é um comportamento insólito num adulto, o que, neste caso de Pedro, deixa a descoberto um particular interesse e empenhamento. E aquele regresso «maravilhando-se», implica que também Pedro já entrou na avenida florida das maravilhas de Deus!”, indica o bispo de Lamedo.
“O relato evangélico é sóbrio, mas rico e denso. Fiel a esta intensa sobriedade, a arte cristã nunca se atreveu a representar a ressurreição antes dos séculos X-XI”, lembrou D. António Couto na Vigília Pascal, na sé de Lamego, ao comentar o texto do Evangelho de São Lucas que revela a notícia da ressurreição, no capítulo 24.
PR