Partir em missão, voltar com o compromisso

Voluntários missionários e «pontistas» reflectem na forma de dar continuidade ao compromisso social Porque as experiências não se encerram nos países de missão mas ganham novos contornos com o regresso, os voluntários missionários e os «pontistas» – voluntários em projectos de Verão – ligados aos Jovens Sem Fronteiras estiverem reunidos em Fátima, recordando, revivendo e perspectivando o futuro. O Pe. Tony Neves, missionário espiritano explicou à Agência ECCLESIA que este seria um encontro que simultaneamente fosse um momento celebrativo do passado e do presente, mas que também projectasse o futuro. Angola, Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné e Moçambique foram chão para tantas recordações de missão partilhadas, onde se reviveu a experiência feita, onde se avaliou “agora com anos de distanciamento, que oferecem uma análise sobre a mudança”, explica o Pe. Tony Neves. A fase em que actualmente se encontram os «antigos» voluntários difere do momento em que partiram. São agora homens e mulheres, alguns casados, pais, que mudaram de postura “perante a vida”, e traduzem essa mudança num “empenho nas suas paróquias”. Mas o compromisso é também social, pois a experiência de missão num país com dificuldades fornece uma postura social sobre “a vida, a riqueza e pobreza, sobre o consumo, que os voluntários, agora como pais, passam para os filhos”. O I Encontro nacional de «Pontistas» e Voluntários, promovido pelos Missionários Espiritanos pretendeu desenhar caminhos, alguns que já se abrem, outros que estão a ser agora iniciados. Porque o espírito de missão não terminou, os «pontistas» e voluntários continuam o espírito solidário em Portugal. Para alguns, a missão estendeu-se ao Estabelecimento Prisional de Tires, por exemplo. A maioria saiu já do ritmo semanal dos Jovens Sem Fronteiras mas mantêm-se ligados à ONGD Sol Sem Fronteiras, com uma grande ligação aos projectos que são desenvolvidos nas terras de missão: construção de escolas, apoio a centros de apoio à infância, acolhimento de crianças de rua, Projecto Escolinhas em Moçambique ou na Guiné. Esta dimensão solidária e de partilha e de “opção clara pelos mais pobres numa perspectiva de apoio ao desenvolvimento” mantém-se porque as pessoas ficaram ligadas à ONGD. Uma ligação que se realiza através do apoio aos projectos, para além do suporte financeiro. É um esforço de sensibilização no combate à pobreza e no apoiar o desenvolvimento, num empenho maior para chegar à concretização dos Objectivos do Milénio. O Pe. Tony Neves explica que a formação académica dos participantes pode ser benéfica neste projectos, “são conhecimentos que podem ser aproveitados num projecto concreto de missão”. Este é uma caminho “já aberto mas que pode ainda ser rentabilizado”, aponta o sacerdote espiritano. Outro caminho que surge é através da constituição de pequenos grupos, onde a espiritualidade missionária e espiritana possa continuar. Neste encontro foi partilhada a experiência que decorre no Porto, Viver Sem Fronteiras,onde jovens casais se reúnem mensalmente para aprofundar a realidade missionária e espiritana de forma a descobrir novos caminhos de missão. O próprio compromisso pessoal das pessoas que se vive nas paróquias é também sinal desse caminho a desenvolver, pois “não se pode perder o dinamismo que os jovens ganharam pela sua participação nestas iniciativas”, aponta o sacerdote espiritano. A ONGD Sol Sem Fronteiras celebra em 2008, 15 anos e tem apostado nas áreas da saúde, educação, apoio à infância e direitos humanos. Tem projectos de construção de escolas, de maternidades, centros de apoio à infância, apoia também projectos de formação, daí que trabalhe de forma especial com os pontistas. Este trabalho é feito em Portugal, através das escolas, onde a ONGD vai passando com acções de sensibilização das crianças e jovens para questões da pobreza e desenvolvimento. “Fazemos muitas campanhas de angariação de fundos para suportar financeiramente os projectos em missão”, tais como o Centro de Apoio a meninas de rua, no Huambo, reconstrução de uma escola, em Angola, Projecto de promoção feminina, na Guiné Bissau e o projecto de equipamento de uma biblioteca, em Nampula, Moçambique.

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