Paquistão: Arcebispo de Lahore disse que raptos e conversões forçadas de menores são «questão de direitos humanos»

D. Sebastian Shaw participou numa jornada de oração e de partilha no Santuário do Cristo Rei, na Diocese de Setúbal

Foto: Fundação AIS

Lisboa, 16 mai 2022 (Ecclesia) – O arcebispo de Lahore afirmou que os raptos e conversões forçadas de menores da comunidade cristã e a outras minorias no Paquistão são uma “questão de direitos humanos”, falando numa iniciativa da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), em Almada.

“Temos o dever de divulgar o que está a acontecer, para prevenir estes casos. Os casos de rapto, violação sexual, conversão e casamento forçado, são um problema da sociedade paquistanesa que o governo está a tentar controlar”, disse D. Sebastian Shaw, este sábado, no Santuário nacional de Cristo Rei.

Na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA, pelo secretariado português da AIS, o arcebispo de Lahore explicou que os rapazes “também são raptados, abusados sexualmente e, muitas vezes, mortos”.

“Imaginem o drama destes pais que preparam as mochilas dos filhos, que os mandam para a escola, e que depois já não regressam porque são raptados? Algumas vezes aparecem os corpos e podem fazer os funerais, o luto, mas noutros casos, não. Continuam desaparecidos. Resta-lhes, como pais, chorar o desaparecimento dos seus filhos”, desenvolveu o também membro do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, da Santa Sé.

A fundação pontifícia lembra que o rapto de menores é o “tema central” de um trabalho de investigação internacional produzido pela AIS em diversos países e que deu origem ao relatório ‘Oiçam os gritos delas’ e o Paquistão é um dos países onde esta questão é muito relevante, tal como, por exemplo, Moçambique, Nigéria, Egipto, Iraque ou Síria.

Segundo o secretariado português da Ajuda à Igreja que Sofre, D. Sebastian Shaw procurou dar a conhecer aos portugueses uma realidade que é “tantas vezes ignorada da opinião pública mundial”, mas que representa um drama para inúmeras famílias nestes países.

“Estas crianças não são livres sequer de brincar no jardim”, acrescentou, sublinhando a necessidade de “divulgar” esta realidade “para prevenir estes casos” que afetam, todos os anos, centenas de crianças e jovens.

“O Paquistão é um país muito grande. Quando se fala num problema, numa zona, isso não significa que essa questão esteja a acontecer em todo o país. De qualquer forma, são muito importantes estas ações de sensibilização para que ocorrem cada vez menos estas situações”, acrescentou o arcebispo de Lahore, adiantando que têm um “grupo de diálogo inter-religioso”, que é “muito importante” para tentarem resolver os problemas da sociedade.

A Fundação AIS alertou que “o problema das raparigas cristãs e hindus raptadas agravou-se” nos últimos anos, no seu mais recente ‘Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo’, publicado em abril de 2021.

CB/OC

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