Papa recorda exemplos de «convicção cristã» durante o período nazi

Na recepção ao novo embaixador da Alemanha para a Santa Sé, Bento XVI reafirmou ainda a posição da Igreja sobre biotecnologia e defesa da família

Ao receber dia 13, em Castel Gandolfo, as Cartas Credenciais do novo Embaixador da Alemanha junto da Santa Sé, Walter Schmid, Bento XVI relembrou os horrores do nazismo e aqueles que, mesmo vivendo num período de grande dificuldade, se mantiveram fiéis a Deus e à sua condição de cristãos.

O Papa exortou os seus compatriotas alemães a tomarem como exemplo os diversos sacerdotes mártires, do período do regime nazi, que serão beatificados nos próximos tempos: o padre Gerhard Hirschfelder, no próximo domingo, em Munster, e depois, no próximo ano, um outro sacerdote, em Wurzburg.

Recordou ainda outros três padres católicos, unidos pela amizade entre si e com um pastor protestante, que caíram todos vítimas do regime nazi, em Lubeca.

“A comprovada amizade destes quatro eclesiásticos” disse o Papa “constitui um impressionante testemunho do ecumenismo da oração e do sofrimento, que floresceu em diversos lugares, durante o obscuro período do terror nazi”.

Depois o Papa deixa a pergunta: Será que, na sociedade democrática em que vivemos, ainda encontramos exemplos de “convicção cristã” como aqueles?

Para Bento XVI, “o homem tem perdido a sua força moral e espiritual, condições necessárias a um bom desenvolvimento da pessoa”. Por sua vez, a sociedade é cada vez mais dominada pelo “interesse privado e pelo cálculo do poder”.

O caminho, “para os homens de fé”, deverá ser acompanhar de forma positiva e crítica o desenvolvimento das relações entre o Estado e a religião. Um objectivo que, segundo o Papa, deverá ser levado a cabo “mesmo para além das grandes Igrejas cristãs que até agora têm prevalecido”.

Em última análise, trata-se de manter elevado o nível daquela “cultura da pessoa” de que falava uma vez João Paulo II, sublinhou o Papa.

Uma cultura da pessoa que está, hoje em dia, cada vez mais ameaçada – aqui Bento XVI falou de dois exemplos fundamentais: a “crescente tentativa de eliminar da consciência da sociedade o conceito cristão de matrimónio e da família” e “a distinção que se começa a fazer entre uma vida que merece ou não merece ser vivida”.

“A Igreja não pode aprovar iniciativas legislativas que impliquem uma valorização de modelos alternativos de casal e de família”, disse o Papa, explicando o primeiro exemplo.

Quanto ao segundo exemplo, relacionado com os avanços tecnológicos e científicos, Bento XVI defendeu a importância de “estudar até que ponto eles podem constituir uma ajuda para o homem e quais os casos em que, pelo contrário, se trata da manipulação do homem, de violação da sua integridade e dignidade”

Sempre no âmbito da “fidelidade à verdade”, o Papa referiu-se ainda aos órgãos de comunicação social, os quais “enfrentando uma concorrência sempre crescente, são levados a suscitar o máximo de atenção possível”, recorrendo à lei mediática do contraste, mesmo em detrimento da veracidade dos factos”.

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