Papa recebeu Cavaco Silva

Concordata, UE, África e Timor-Leste dominaram encontro no Vaticano. Presidente promete que Portugal respeitará compromissos assumidos Bento XVI recebeu este Sábado, no Vaticano, o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Segundo breve comunicado da Santa Sé, que classifica o encontro como “cordial”, em cima da mesa estiveram “temas de interesse comum”, relativos à situação do nosso país, em especial a “aplicação da Concordata de 2004”. A este respeito, no final do encontro, o Presidente português assegurou que “Portugal irá respeitar totalmente a letra e o espírito da Concordata”. Em declarações aos jornalistas, após a reunião, Cavaco Silva falou de um “encontro importante”, confirmando que as conversas incidiram basicamente sobre as relações entre Portugal e a Santa Sé, sobre a União Europeia e o Tratado de Lisboa, a actualidade em África e Timor Leste. O Presidente da República precisou que, em relação à Concordata de 2004, “há uma comissão paritária que está a trabalhar, neste momento”, com “resultados positivos”. Cavaco Silva disse ainda que falou com o Papa do papel que Portugal desempenhou para que, nos países lusófonos, haja hoje “uma influência forte” a Igreja. A nota oficial da Santa Sé, de 7 linhas, destaca “as boas relações existentes entre a Igreja Católica e Portugal”. Cavaco Silva encontrou-se, posteriormente, com o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, e com o Secretário do Vaticano para as relações com os Estados, D. Dominique Mamberti. As conversações abrangeram ainda alguns aspectos da “actualidade internacional”, com referência particular para a Europa e “o compromisso de Portugal em relação a alguns países africanos e asiáticos”. “Welcome Mister President”, foram as palavras usadas por Bento XVI, ao receber Cavaco Silva. O encontro, na biblioteca do Papa, durou cerca de 20 minutos e foi seguida de uma breve cerimónia de cumprimentos à Primeira-Dama, Maria Cavaco Silva, e à restante comitiva portuguesa. Como é habitual nestas situações, seguiu-se uma troca de presentes: o Chefe de Estado português ofereceu uma reprodução da Bula papal que reconheceu a independência de Portugal, em 1179. Bento XVI ofereceu uma medalha comemorativa do pontificado, em ouro, e a Maria Cavaco Silva um rosário em madrepérola. Agenda preenchida Em relação ao momento “difícil” que a UE atravessa, depois do “Não” irlandês ao Tratado de Lisboa, Cavaco Silva fez questão de lembrar a “influência da Igreja Católica na Irlanda”, que apoiou o “Sim”, “mas talvez tenha sido um pouco tarde”. “Tive ocasião de sublinhar que é importante para o mundo e para os valores que a Igreja e a Europa partilham, uma Europa unida, uma Europa forte, esperemos que num futuro referendo, a igreja irlandesa possa esclarecer algumas ansiedades que foram exploradas pelos partidários do não na Irlanda”, acrescentou. Quanto a África, Cavaco Silva lembrou que Portugal tem uma relação “muito especial” com o continente – que inseriu na agenda das suas duas últimas presidências da UE – em especial com os países de língua oficial portuguesa, apresentados como “exemplos positivos em comparação com a situação trágica que se vive no Zimbabué e que a comunidade internacional não pode ignorar”, nem pode “dar legitimidade à imitação de acto eleitoral que ocorreu neste país”. “Moçambique tem sido um bom exemplo do funcionamento das instituições democráticas, tal como Cabo Verde”, frisou. A situação de Timor Leste foi outro assunto abordado por Cavaco Silva, que sensibilizou o Papa para o facto de a Igreja Católica constituir “uma referência decisiva” na identidade cultural do país. “As instituições são ainda frágeis em Timor e a voz dos Bispos é talvez uma voz mais forte do que a voz dos líderes, dos partidos políticos”, sublinhou, recordando o “papel fundamental” que a Igreja teve para a paz, quer em Angola, quer em Moçambique. Cavaco Silva disse ter ficado satisfeito ao verificar “que o Santo Padre estava bem informado sobre as questões de política internacional abordadas durante as conversações”. O Chefe de Estado português aproveitou a ocasião para dizer a Bento XVI que “seria uma grande honra” acolher o Papa numa visita a Portugal, algo que no entanto, dependerá “de uma actuação por parte da Conferência Episcopal”. Do programa do Presidente português constou ainda uma audiência com o Secretário de Estado do Vaticano, o Cardeal Tarcisio Bertone, a quem o Presidente da República ofereceu, este Sábado, um almoço na residência da embaixada de Portugal junto da Santa Sé. Cavaco Silva esteve no Vaticano, em 1987, enquanto Primeiro-Ministro, tendo sido nessa altura recebido por João Paulo II. Fotografias e vídeo com declarações de Aníbal Cavaco Silva estão disponíveis na página oficial do Presidente da República, www.presidencia.pt FOTO: www.presidencia.pt

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